Para dizer a verdade já entrei na sala de cinema com expectativas muito baixas para este Rings, o terceiro filme das versões americanas da saga de terror The Ring.
Passaram muitos anos desde que vi pela primeira vez o The Ring (2002) e ainda hoje me lembro de que foi um dos filmes de terror que mais impacto teve em mim. Sem exagero nenhum, penso que o podemos já incluir na secção dos clássicos do terror moderno. Não era propriamente original, ainda por cima sendo um remake de um filme japonês, mas trouxe-nos uma tensão psicológica e visuais que marcaram uma nova vaga de filmes do género que depois tentaram seguir esta fórmula.
The Ring 2 chegou depois em 2005 correndo atrás do mesmo sucesso mas falhou em termos de qualidade, ainda que não tenha sido tão mau quanto a nova aposta para o franchise.
A verdade é que Rings tenta afastar-se desses dois, trazendo novos actores e uma nova história para contar, mesmo que obviamente tenha sempre como fundo a aterradora Samara Morgan.
E louvo o facto de terem optado por contar mais do passado daquela que é de facto a protagonista de todos os filmes. O argumento é interessante e traz algumas surpresas. Mas infelizmente a realização falhou redondamente ao entregar-nos um filme demasiado explicativo, com diálogos muito vazios e cliché e personagens que se mostram pouco interessantes.
Chega a ser ridículo termos que estar sempre a ouvir um personagem a explicar literalmente tudo o que vai encontrando nas peças que ajudam a revelar o mistério em torno de Samara. Por vezes senti que alguém na produção pensou que o espectador não seria suficientemente inteligente para acompanhar os avanços do argumento e então decidiu colocar tudo muito comentado, como que a certificar-se de que a mensagem chegava ao destinatário.
Visualmente há cenas que estão muito bem conseguidas, assim como há outras que parecem pouco inspiradas, com uma edição por vezes demasiado rápida e com muitos cortes. A tal tensão psicológica ficou assim ausente.
Rings não é horrível, mas é demasiado medíocre.
O cinema de terror teve nos últimos anos melhorias significativas, com filmes como The Cabin in the Woods (2012), It Follows (2014) e Don't Breathe (2016). Estes mostraram-nos que ainda é possível haver uma arte muito inspirada e novas formas de imergir o espectador dentro deste género.
É pena que este Rings, com a vantagem de trazer de volta uma vilã de culto, não tenha conseguido alcançar nem metade da qualidade destes três exemplos.
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