Filmes sobre a segunda Guerra Mundial e patriotismo americano há muitos, mas haverá poucos que falem de um homem que foi para a guerra recusando-se a tocar numa arma que o ajudasse a matar.
Baseado na história real de Desmond T. Doss, O Herói de Hacksaw Ridge traz-nos a luta de um jovem que queria estudar para ser médico e não conseguiu, devido aos problemas financeiros da família, o que o levou mais tarde a alistar-se no exército norte-americano para assim participar na segunda Grande Guerra. Mas o seu objectivo era apenas salvar os seus companheiros, sem recurso a armas, desafiando todas as regras do exército.
Este é um filme poderoso, ainda que na sua primeira parte assente demasiado nos cliché do género (como aquele do jovem que parte para a guerra e deixa a namorada em casa).
As convicções de Desmond são sobretudo religiosas e é daí que vem muita da sua resistência em pegar numa arma. Embora isso possa ser algo que à partida pode afastar os espectadores menos religiosos (como eu), é impossível não ficar emocionado ao ver a sua persistência em lutar pelas suas crenças e por aquilo que considera mais correcto.
É por isso, quando o filme deixa aquele território já muito explorado em películas de guerra, que a história deste homem ganha fulgor e se destaca. Curiosamente é também nessa segunda parte, a melhor, que tudo se torna mais violento graficamente, com cenas tão explícitas que fazem lembrar de imediato outra obra do Mel Gibson, o mesmo realizador de A Paixão de Cristo.
Religião e patriotismos à parte, diga-se a verdade, estamos perante um dos grandes filmes do ano, que só não é épico do início ao fim por querer ser demasiado explicativo (e contextual) no começo.
Ainda assim, a excelente realização, edição e banda sonora dos momentos cruciais da última parte são mais do que suficientes para o elevar ao patamar dos melhores filmes do género.
Destaque ainda para a brilhante interpretação do actor Andrew Garfield, que na perfeição retratou este homem determinado e firme na perseguição das suas convicções.
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