terça-feira, 18 de agosto de 2015

Maria Israel: "Dizem-me que devo continuar, mesmo versando um tema tão pesado."




Maria Israel é a autora do livro "A Redenção de Guadalest". Falei com a escritora acerca do seu livro e também sobre violência doméstica e reencarnação, temas que serviram de base à estória que escreveu.  

1 - "A Redenção de Guadalest" fala sobre os mistérios da reencarnação e também sobre um tipo de violência física ou emocional entre um homem e uma mulher.  O que é que a levou a juntar estes dois temas tão diferentes?
O facto de serem dois temas que me são queridos.  Quem gosta de temas que versam uma certa espiritualidade, não dirá que estes dois temas são assim tão antagónicos. Esta pergunta não é fácil de responder, diria até que é bastante difícil, mas ao longo do livro e com o desenrolar da história as respostas vão-se revelando e vai-se compreendo o que as une. Segundo algumas pessoas que já leram o livro, ele tem ao longo da historia pistas e alertas que podem ajudar as mulheres vitimas de violência doméstica a acreditar que podem vir a mudar a sua vida e não perder a fé. Diria que este livro é para além de um romance, um forte grito de esperança assim como uma homenagem a todas que sofreram ou sofrem de tão abominável flagelo social, cultural e económico.
2 - E como é que foi trabalhar nessa junção? Como é que foi o processo de escrita deste livro
A autora e os seus livros.
Foi fácil! Foi fácil trabalhar com eles, porque são dois temas que me tocam muito. Como mulher que lidou muito com mulheres que mitigavam amor e recebiam em troca infidelidade, maus tratos físicos e psicológicos, diria que foi algo que, se por um lado foi doloroso, por outro ... o lado da reencarnação foi algo que me fascinou muito. E diria até que a vida, se não for assim, não faz sentido.
3- Tem recebido comentários dos leitores? O que lhe dizem?
Os comentários são muito favoráveis e como já fiz referência nos agradecimentos aquando da minha apresentação no Algarve, são muito gratificantes. Diria até que a cada apresentação e a cada contacto com os meus leitores sinto-me cada vez ais grata e mais consciente, por constatar que o propósito que me fez escrever este livro começa a dar seus frutos. A Redençao de Guadalest foi escrita para homenagear as mulheres que sofreram maus tratos, digo sofreram, porque me refiro a Mulheres que já partiram. Mas tambèm às que sofreram ou sofrem ainda esse flagelo, infelizmente ainda desmesuradamente enraizado nos povos latinos. Há dias pedi aos meus seguidores do facebook a opinião pessoal do porquê deste flagelo: será uma questão cultural, educacional ou tão “somente” económica? Como tal, concluo que os comentários são gratificantes. Que me dizem? Dizem que devo continuar e que querem mais, mesmo versando um tema tão pesado.
4 - Como autora da Capital Books, neste primeiro ano da Editora, qual é a retrospectiva que faz de toda esta fase de publicar um livro?
Para quem há um ano atrás estava muito quietinha no meu ninho esperando uma cirurgia complicada, onde tinha como uma das hipóteses regredir o trabalho de quase três anos de recuperação após um AVC, sair do hospital e oito dias depois estar a assinar contrato com a Capital Books, é no mínimo uma aventura sem paralelo. De então para cá fiz duas apresentações, tenho mais duas agendadas para breve. Já participei no Livro Todos por Um, uma coletânea de contos para comemorar o primeiro ano da Capital Books , com o meu conto Sabedoria, que mais posso dizer e desejar? Muita saúde para continuar a escrever, que é o que me esta a dar muita força para continuar. É o que me dá muito prazer fazer e dá alento para superar o que a falta de saúde me levou, mas vou conseguir.    
6 - Um autor favorito, tem?
Tenho muitos e para não ter que deixar alguns de fora, direi que gosto de vários, principalmente dos que me pegam logo nas primeiras páginas como foi o teu O dia em que nasci, que desde já aconselho vivamente a todos a lerem.Adorei e, apesar da idade que nos separa, revi-me no teu livro. E desejo uma vez mais: Parabéns! Outros autores... para não deixar nenhum para trás, fico-me pelos mais recentes que li: Luísa Ramos, de quem recomendo vivamente "Nas Brumas da memória" e "Na Valsa da vida".
7 - E um livro preferido?
Tantos... um que me marcou: "Ilusões" de Richard Bach, que surgiu pouco depois da minha filha mais velha falecer. Foi muito marcante...
Lançamento do livro na sede da APAV em Lisboa.

8 - O seu livro teve a sessão de lançamento na sede da APAV. Imagino que tenha sido um dia memorável, estou certo?
Foi sem duvida! Ele foi para além da realização de um grande sonho como autora, foi também o culminar de outro sonho que era dar voz às mulheres que sofrem desse tão doloroso drama e incomensurável flagelo que é a violência domestica. 
9 - Quer deixar alguma mensagem especial para quem estiver a ler esta entrevista?
A todas as mulheres que sofreram ou ainda sofrem: não desistam. A lei está a mudar. 

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