sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Quadrado, cima, baixo.



Como não se podia evitar, a hora de nos despedirmos acabou por chegar.
Uma voz na minha cabeça mantinha-me a dúvida: como é que vou fazer isto?

Não vinha uma instrução para isso em algum livro. E não é que despedir-me de alguém fosse uma novidade, se passei a vida a fazê-lo, mas parecia destreinado.

Então demos um abraço forte, apertamo-nos um contra o outro e rapidamente já estava a vê-lo misturar-se entre a multidão, sem que eu conseguisse acompanhar todos os seus passos.

Se pelo menos aquelas pessoas pudessem desviar-se, por magia, e deixar-me aproveitar aquela imagem até ao último momento...

Mas não podiam. Estavam todas demasiado ocupadas nas suas demandas para por acaso cederem alguma atenção aos meus desejos.

Senti-me sozinho, por fim. Mas foi nesse momento que um sorriso reconfortante rasgou a minha face. Afinal tinha sido mais difícil do que eu esperava. E ainda bem. É que o meu maior medo era que esse fosse um nível fácil de jogar. E se eu não sentisse algo assim? E se fosse indiferente e demasiado simples?

Mas estava na dificuldade máxima e sem dicas que me ajudassem, concluí.
Como a minha mente encontra sempre forma de colorir os seus pensamentos mais ou menos absurdos, foi com desperta imaginação que ocupei o lugar em direcção ao meu destino, sentindo-me envolto numa luz que ofuscava tudo à minha volta. 

Nível superado, com todas as conquistas e novos poderes adquiridos.

Peguei no bloco de notas e escrevi um pouco sobre isso, antes que a inspiração me fugisse.


Quando terminei, tinha a face molhada de um líquido que escorria dos meus olhos. Tratava-se, com certeza, de algum efeito especial destas tecnologias da nova geração.

2 comentários:

  1. Baralhei-me todo nas minhas compras no Colombo, porque tu estavas sempre na minha cabeça... Fui para casa e estavas lá. Fui para o ginásio e estavas lá a correr comigo, ao meu lado. Estavas presente nas conversas imaginárias que eu quereria ter. E já em casa, à 01 da manhã, continuas, nas tuas palavras que agora leio no blogue, presente. Não foi uma despedida.
    As pessoas que importam estão sempre presentes. Keep shining*

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  2. «Mas não podiam. Estavam todas demasiado ocupadas nas suas demandas para por acaso cederem alguma atenção aos meus desejos.»

    ...

    No fundo, talvez mesmo sem o percebermos - sem o intuirmos - muito pouco nos resta para além da solidão. E ela não se encontra a «um nível fácil de jogar".

    ...É como se as palavras se esmagassem nas paredes da indiferença. Como se o silêncio não passasse de um labirinto. Depois, por vezes, o nível não é superado.

    Resta o vazio - apenas ele. Nem mesmo esse líquido que escorre dos olhos!...

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