Como não se podia evitar, a hora de nos
despedirmos acabou por chegar.
Uma voz na minha cabeça mantinha-me a dúvida: como é que vou
fazer isto?
Não vinha uma instrução para isso em algum livro. E não é que
despedir-me de alguém fosse uma novidade, se passei a vida a fazê-lo, mas parecia
destreinado.
Então demos um abraço forte, apertamo-nos um contra o outro
e rapidamente já estava a vê-lo misturar-se entre a multidão, sem que eu
conseguisse acompanhar todos os seus passos.
Se pelo menos aquelas pessoas pudessem desviar-se, por magia,
e deixar-me aproveitar aquela imagem até ao último momento...
Mas não podiam. Estavam todas demasiado ocupadas nas suas
demandas para por acaso cederem alguma atenção aos meus desejos.
Senti-me sozinho, por fim. Mas foi nesse momento que um
sorriso reconfortante rasgou a minha face. Afinal tinha sido mais difícil do
que eu esperava. E ainda bem. É que o meu maior medo era que esse fosse um
nível fácil de jogar. E se eu não sentisse algo assim? E se fosse indiferente e
demasiado simples?
Mas estava na dificuldade máxima e sem dicas que me
ajudassem, concluí.
Como a minha mente encontra sempre forma de colorir os seus
pensamentos mais ou menos absurdos, foi com desperta imaginação que ocupei o lugar em direcção ao meu
destino, sentindo-me envolto numa luz que ofuscava tudo à minha volta.
Nível superado, com todas as conquistas e novos poderes
adquiridos.
Peguei no bloco de notas e escrevi um pouco sobre isso, antes que a inspiração me fugisse.
Quando terminei, tinha a face molhada de um líquido que
escorria dos meus olhos. Tratava-se, com certeza, de algum efeito especial destas
tecnologias da nova geração.
Baralhei-me todo nas minhas compras no Colombo, porque tu estavas sempre na minha cabeça... Fui para casa e estavas lá. Fui para o ginásio e estavas lá a correr comigo, ao meu lado. Estavas presente nas conversas imaginárias que eu quereria ter. E já em casa, à 01 da manhã, continuas, nas tuas palavras que agora leio no blogue, presente. Não foi uma despedida.
ResponderEliminarAs pessoas que importam estão sempre presentes. Keep shining*
«Mas não podiam. Estavam todas demasiado ocupadas nas suas demandas para por acaso cederem alguma atenção aos meus desejos.»
ResponderEliminar...
No fundo, talvez mesmo sem o percebermos - sem o intuirmos - muito pouco nos resta para além da solidão. E ela não se encontra a «um nível fácil de jogar".
...É como se as palavras se esmagassem nas paredes da indiferença. Como se o silêncio não passasse de um labirinto. Depois, por vezes, o nível não é superado.
Resta o vazio - apenas ele. Nem mesmo esse líquido que escorre dos olhos!...