sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Marraquexe: uma coisa que amei e outra que detestei [ Aventura em Marrocos, PARTE II ]



Depois de resolvido o drama inicial (que contei aqui), saímos finalmente para as ruas de Marraquexe à descoberta da cidade.

O nosso primeiro objectivo era chegar à Medersa Ali Ben Youssef, depois de vaguearmos por algumas ruas repletas de pequenas lojas e comerciantes ávidos para nos venderem lenços coloridos e outras coisas tipicamente marroquinas. 

Marracache.

Pelo caminho ainda compramos um lenço lindíssimo para a nossa mãe enquanto fazíamos geocaching... porque Marroquinos gonna be Marroquinos e a cache estava escondida dentro de uma loja (esta da foto). A senhora vendedora, sentada à porta, fez-nos logo sinal de que era ali, quando nos viu meio à procura do objecto. E obviamente que o objectivo deles é fazer negócio com isso e o senhor vendedor, que estava lá dentro, fez-nos então um "desconto especial para geocachers". Mas... como não amar isto?


E da Medersa o que posso dizer?

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Esta é uma antiga escola onde ensinavam o Corão (ou Alcorão) e é um lugar absolutamente fascinante por tudo o que representa na cultura islâmica ou muçulmana, passando também pela história de Marrocos e pela arquitectura visualmente arrebatadora que podemos encontrar pelas várias salas e pátios do extenso edifício. Podemos visitar os quartos onde ficavam os alunos e assim perceber melhor como se vivia ali. Fiquei absolutamente encantado.

Pagámos 10 dirhams (cerca de 1€) para entrar. É super barato!  E por todos estes motivos este local leva um: Obrigatório visitar! 

As fotos de resto falam por si.

Apaixonado! Amei!

Depois disso seguimos para o almoço e aventurei-me a comer pela primeira vez tajine de legumes. Tajine é um prato típico marroquino e pelo que percebi tajine é mesmo o nome da panela de barro onde são cozidos e servidos os legumes (e a carne para quem optar comer assim). Os legumes e o que leva dentro acaba sempre por variar um pouco. Pelo menos nunca comi um tajine igual nos dias que se seguiram. Para acompanhar... sumo de laranja natural, pois parecia quase obrigatório bebê-lo numa terra onde este fruto é rei. E ainda bem, porque é um hábito muito saudável e... delicioso!

O almoço!


Dedicamos a tarde a explorar as ruas e cruzamentos dos souks que conduziam à praça central da cidade. Os souks são basicamente muitas lojas, tendas e tudo o mais onde se consiga enfiar algo para vender... copos, souvenirs, frutos secos, panos, etc. Vi literalmente "lojas" que eram o espaço da parede entre uma loja a sério e outra (não mais que um metro e meio). E isto foi-me confirmado por um dos vendedores quando perguntei até onde ia o seu espaço. Só rir! Mas aqui vale tudo para fazer alguns trocos. Por acaso não achei que nos souks fossem muito insistentes para vender, apesar de termos sempre alguns que nos chamavam para "só ver". 

E chegamos então à praça Jemaa el-Fna e à minha primeira e única desilusão. A praça é bonita e histórica, entenda-se. Mas daí a ser parte da lista de Património Mundial da UNESCO...
Bem, não gostei do ambiente da praça no geral. Os músicos tradicionais ao vivo? Giro. Os encantadores de serpentes? Giro ver no primeiro impacto. Depois torna-se aborrecido quando literalmente andam atrás das pessoas com as cobras na mão para sacarem dinheiro por fotos (não podemos nem fotografar as cobras de longe sem que peçam logo moedas). Tive mesmo que fugir de um. 

Os homens que vêm com os macacos para cima de ti? Horrendo! Os macacos estão em sofrimento, em jaulas, magros, com uma aparência horrível. Um dos homens pegou-me na mão para eu tocar no macaco e obrigou-me, diga-se, mas de volta só levou um berro de "NÃO! NÃO QUERO FAZER ISSO!" e dinheiro... nenhum, apesar de ter pedido, claro! Nem vou falar das chatas e enfadonhas senhoras que querem fazer-te tatuagens de henna a cada cinco passos que dás...

Percebo o valor histórico da praça. Achei icónico ver ali tanto comércio, tanta vida e principalmente ouvir os sons típicos e os chamamentos para a oração num lugar com séculos de história, mas são os comerciantes e as suas vendas extremamente agressivas e invasivas que atribuem àquele lugar uma carga bastante negativa. Talvez a UNESCO queira rever alguns conceitos no que diz respeito à explícita exploração daqueles animais, só para começar...

não muito longe das cobras e macacos, a mesquita.


Depois disso, caminhando alguns metros, chegámos felizmente à Mesquita de Koutoubia e aí sim vale a pena sentar-se um pouco e respirar a tranquilidade, principalmente no jardim nas suas traseiras, onde por acaso naquele momento não havia praticamente ninguém. 

Foi aí que me voltei a ligar a Marraquexe, foi aí que não deixei que o fascínio se perdesse.

E no dia seguinte esperavam-me os momentos mais arrebatadores numa longa viagem até ao deserto... mas isso vou contar-vos na Parte III desta aventura.

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