sexta-feira, 30 de março de 2018

Tomb Raider: finalmente Lara! [ opinião ]



Tomb Raider é sem dúvida nenhuma o melhor filme baseado num videojogo... o que, para ser honesto, não era difícil, embora o Silent Hill (2006) tenha estado muito próximo disso. 


O ponto forte de Tomb Raider é que destaca-se de todas as outras tentativas de adaptar jogos ao cinema, apostando bastante nos efeitos visuais e direcção de arte, nos personagens e na banda sonora do premiado compositor Junkie XL (Mad Max, Deadpool, Liga da Justiça). Mas este filme aposta sobretudo no casting de uma actriz fenomenal que até já ganhou um Oscar pelo brilhante papel em A Rapariga Dinamarquesa

Alicia Vikander é completamente a Lara Croft. COMPLETAMENTE! Chega a ser impressionante ver o trabalho que teve em recriar certos modos de falar e até de mover-se, que lembram automaticamente a icónica personagem. E num filme que é uma adaptação de um material original, não se podia pedir mais. Para além disso, tratando-se afinal de uma história de origem de um personagem, Alicia Vikander conseguiu ainda transpor para o grande ecrãs todas as inseguranças, medos e até erros e feridas de uma rapariga (pouco comum) que está apenas a descobrir toda a coragem que tem e tudo aquilo que é capaz de fazer. Isto tornou Lara muito mais humana e próxima de nós e não tão "endeusada" como nos filmes anteriores, por exemplo.

Alguns momentos são feitos mesmo para os fãs de longa data, com cenas icónicas recriadas ao pormenor. Só a história base é que podia ser melhor, pois tal como a do jogo de 2013 (em que este filme se baseou em 90%), não é das mais interessantes da saga.

No entanto há momentos muito fortes e que elevam a qualidade do filme, como a cena da primeira vez em que a Lara tem de matar alguém (novamente a actriz a brilhar aqui!) ou a cena final da fuga do túmulo em que ela se torna finalmente a Tomb Raider que todos conhecemos e amamos. Algum fã não sentiu arrepios aí?

Fui surpreendido com o nível de qualidade e fiquei ansioso por uma sequela. Só peço que a próxima viagem da destemida Lara Croft seja para um dos locais mais marcantes da saga: o Egipto!



domingo, 18 de março de 2018

Da podridão ao dinheiro: uma visita ao Red Light District de Frankfurt



Então decidi passar sozinho no Red Light District de Frankfurt à noite. Já sabia que me esperava uma nova experiência.

Para quem não sabe, um Red Light District é um bairro (ou umas ruas) onde só se encontram bares de strip (e prostituição), sex shops, cinemas porno (onde só exibem esse tipo de filmes) e até casinos e hotéis que têm sempre por base o sexo como negócio.

Acredito que o de Frankfurt não se poderá comparar ao de Amesterdão, por exemplo, mas foi o suficiente para entender como funcionam aquelas ruas. É um mundo à parte, basicamente, numa das cidades mais modernas da Europa (mas já falo disso mais à frente)

Indo directo ao ponto. Nunca na vida tive tanta oferta de sexo, droga e convites para jogo. Sim, à medida que percorria estas ruas, várias pessoas se aproximaram com as mais variadas propostas. Homens e mulheres de todas as idades não se inibiam de me fazer convites supostamente aliciantes, mas muitos deles eram jovens imigrantes oriundos do mundo árabe (talvez até vítimas da recente crise de refugiados, mas isso é algo que não posso confirmar). Restou-me repetir imensos "não, não, não..." e continuar a explorar mais.

foto: Wikipedia


À parte de um bar chamado Moulin Rouge (obviamente não o original), uma senhora de meia idade convidou-me a entrar. Noutro bar, cujo nome não recordo, mas onde tocava a música do último 50 Sombras de Grey (apropriado?) outro homem fez-me sinal para entrar. "Hot girls inside" - podia ler-se à porta. Não fazia o meu tipo.

Algumas sex shops eram também "cinema", com algumas cabines privadas onde se podia assistir a diversos tipos de filme com vários temas diversos (o sadomasoquismo parece continuar na moda...). Mas para isso tinha que se pagar bem. Por isso entrei numa que estava aberta sem qualquer pudor e explorei tudo, encontrando coisas que eu nunca tinha imaginado ver. A fantasia não tem limites... 

Mas agora o mais curioso. Caminhando até ao fim de uma das ruas, dobra-se a esquina e está-se imediatamente no bairro mais desenvolvido de Frankfurt, onde imperam com grande imponência os arranha céus dos maiores bancos da Europa, como o Deutsche Bank ou o próprio Banco Central Europeu. Digamos que (quase) todo o dinheiro da Europa está ali, lado a lado com os maiores vícios (e podridões?)  do mundo.

Para os entendidos, vaguear por aquelas ruas foi como passar no Inferno de Dante, mas mais divertido, pelo menos para mim, porque duvido que aquilo seja uma vida muito feliz para quem lá trabalha.


Para visitar e matar a curiosidade. Mas só. 








sexta-feira, 16 de março de 2018

Primeiros dias como Comissário de Bordo / Cabin Crew

A minha nova casa... nos céus! Aqui estávamos numa breve pausa em Milão-Bergamo, Itália. 

Então... depois de muito esforço para completar o curso, chegou finalmente a hora de voar a sério.

Em 3 dias fiz 12 voos e passei por Londres, Milão, Manchester, Toulouse e, claro, Frankfurt (que é sempre a minha final destination). Isto dá muitas horas nos céus a uma altitude de cerca 37000 pés e depois ainda temos que adicionar a pressão da cabine que já inclui coisas muito técnicas que vou simplificar dizendo que é como se estivesse constantemente na mesma altitude na Torre da Serra da Estrela (por exemplo).

Traduzindo tudo isto, o nosso corpo tem que se habituar a estas novas condições, pois temos que fazer mais esforço para tudo. Nos primeiro dia senti como se tivesse estado muitas horas no ginásio, com todos os músculos das pernas, costas e braços a manifestarem-se... o que achei brutal porque é aquela dor que te satisfaz por saber que estás no caminho certo (fiz sentido?).

Para além disso, a nossa pele fica extremamente seca (como se estivesse estado na praia o dia todo) e temos que beber muita água. Juro, nunca bebi tanta água na minha vida! E tenho que aplicar bastante creme hidratante antes e depois.

Este é um processo que ainda agora começou, pois vou precisar de mais tempo para me habituar completamente.

Depois vem a parte mais divertida: o contacto com os passageiros. Para quem já trabalhou num hotel e costumer service antes, não muda muito no que toca ao "atendimento", mas achei algo super engraçado. É que a nossa prioridade ali é a segurança de todos os passageiros que voam connosco e a verdade é que isso é algo que vem por instinto (o treino intensivo de quase 2 meses tinha que dar algum resultado, não é?).  Gosto mesmo disso, saber que estou ali inteiramente para fazer daquele voo o mais agradável possível para cada passageiro. E quando são simpáticos, claro, adoro falar com eles. Quando não são, well, falo na mesma. You know...

Resumindo, é uma responsabilidade gigantesca, de facto, pois somos nós cabin crew/comissári@s de bordo quem sabe todos os procedimentos de segurança, primeiros socorros e etc que venham a ser necessários caso algo não corra dentro da... normalidade. É como se tivéssemos a vida de toda aquela gente nas mãos (uhhh!).

Do que mais gostei?




Obviamente de fazer o safety demo pela primeira vez, ou seja, aquela demonstração inicial a indicar onde estão as saídas de emergência, as máscaras de oxigénio, etc. Neste momento todos os olhos estão (ou pelo menos deveriam estar) postos em ti. Durante 3 minutos és a star e eu divirto-me imenso porque imagino sempre aquilo como uma coreografia (podemos admitir que parece que estamos a dançar, ok?). Na verdade comecei a ver isso dessa forma para aprender melhor os passos (que ainda confundo muitas vezes, ahahah).





Então apesar do cansaço inicial, quando chegamos lá acima parece que acontece magia, há uma energia extra, e mesmo com a inexperiência própria de iniciante, é brutal chegar ali... chamar a nossa inner Britney Spears e desempenhar o nosso nobre papel. Acho que é um ambiente que te transforma, pois parece que esqueces tudo o resto e só consegues pensar na segurança do teu avião (novamente, o treino a funcionar!).






E SIM, já fiz anúncios (comunicações) aos passageiros, logo desde o primeiro dia, porque era algo que eu ansiava fazer há muito tempo.  E agora só estou à espera do dia em que vou estar completamente à vontade para pegar naquele interfone e cantar Toxic em toda a minha glória. :P

Gente, não estou a brincar, a primeira coisa que me disseram no primeiríssimo dia foi: "Sê tu próprio e todos os passageiros vão gostar de ti".

Então podem começar já a decorar a letra para cantarmos em coro:

"Baby can't you see? I'm calling..."



Aquela selfie antes de ir trabalhar porque sim.


domingo, 11 de março de 2018

Novos voos e novos começos em FRANKFURT



Foi em Setembro do ano passado. Voltava de Itália para Portugal, num voo da Ryanair que em poucos minutos aterraria no Porto. Estava quase há 4 meses fora do meu país e a felicidade de voltar era muita, mas a vontade de encontrar rapidamente um novo caminho era maior. E eu até já tinha pensado que gostaria de trabalhar ali (no ar?), já tinha até contactado a empresa no passado (sem avançar mais do que alguns e-mails).

Do Porto fui para Coimbra nessa noite. Dormi aí e no dia seguinte cheguei finalmente a Casa. Fiz uma pesquisa. Estavam a recrutar... NESSA SEMANA! E em menos de 24h já tinha uma data marcada para ir a uma entrevista.

Passaram cerca de 5 meses que me parecem agora uma eternidade. No entretanto fui a Marrocos, ao Reino Unido e comecei então o curso de "cabin crew" (comissário de bordo) com a Ryanair. Do curso não há muito a dizer para além de que foi difícil, cansativo, positivo e excitante ao mesmo tempo, multiplicando tudo isto por mil, várias vezes. E durante o curso ainda passei pela Irlanda e estive uma semana em Itália (a melhor parte, obviamente pelo regresso ao meu segundo país). 

Mas tudo isto só para dizer que tem sido um verdadeiro correr, que ainda não acabou.

Frankfurt, os arranha-céus e o rio Meno.


Cheguei a Frankfurt. O mais difícil podia ter passado, mas agora começam novos desafios: 

O alemão que não falo: mas ok, fala-se inglês, e a maior parte dos alemães até agora safa-se muito bem com isso.

Novas pessoas: algo que até nem é grande novidade para mim, pois quem está sempre a mudar de lugar já se habitou a estas readaptações. E agora até tive a sorte de vir com colegas que fizeram o curso comigo. Das outras vezes (para Itália) foi sempre sozinho e safei-me bem. Então agora... tranquilo. 

Novo lugar: e à primeira impressão gostei muito de Frankfurt. É uma cidade com muita vida, perdida num espaço entre o antigo e a modernidade, com arranha-céus futuristas que contrastam com prédios centenários. Para descobrir a fundo no tempo que passarei cá.

Nova casa: isto é, se eu encontrar uma casa. Pois está a ser para lá de difícil encontrar um sítio onde ficar definitivamente. Vocês não têm noção! Mas tratando-se de mim, está tudo bem enquanto não estiver tudo mal, tranquilidade, rir das dificuldades, ironizar com o meu trágico Destino, e acreditar que ainda vou viver numa bonita penthouse com vista para o rio Meno. Ou talvez um T0 ao lado do Lidl seja o suficiente vá...

Os desafios reais: nova profissão, novas linhas de metro e comboio, novos supermercados, novos hábitos e infinitas pequenas novidades no meu dia-a-dia, como as placas de rua que não consigo ler, e que me estão constantemente a relembrar de que já não estou em Casa.  

Sinceramente, acho que ainda não aterrei verdadeiramente. 

Talvez não tenha dado o devido tempo para processar os últimos meses, mas ao mesmo tempo prefiro assim esta saborosa irresponsabilidade de ir e fazer sem perder muito tempo a pensar "e se...?".

Afinal todos já sabemos que isto vai dar muitas histórias giras para o blog, certo?

O Banco Central Europeu aqui em Frankfurt. Até fugi de lá com medo que descobrissem que era português, ainda me pediam para pagar alguma parte da dívida... :P