quarta-feira, 27 de maio de 2015

DESAFIO ESCRITOR - questões por responder



Propuseram-me um desafio: responder às seguintes questões de forma absolutamente honesta. Aqui vai.

1. Qual é o género de literatura de que te manténs longe?
Nunca penso muito nos livros como pertencendo a determinado género, porque costumo ler de tudo um pouco, mas nunca li livros sobre assuntos mais espirituais ou religiosos (que não sejam Históricos). Não é para me manter longe, mas porque não me despertam a curiosidade.  

2. Qual é o livro que tens na estante e tens vergonha de não ter lido?
O Senhor dos Anéis: a Irmandade do Anel. Ofereceram-me o livro há muitos anos e tenho mesmo vergonha de ainda não o ter lido. Algumas pessoas já me acusaram de blasfémia por isso. :) Mas ainda vou ler, prometo. A questão é que quando ia ler, saiu o filme, vi... etc... etc, se é que me entendem.

3. Qual é o teu pior hábito enquanto leitor?
Começar a ler um livro, ler uns 3 capítulos e só voltar a pegar meses mais tarde, depois de já ter lido outro livro no entretanto. Não me perguntem porquê, mas é um hábito estranho.

4. Costumas ler a sinopse antes de ler o livro?
Normalmente sim, mas se vir que a sinopse já está a revelar demasiado, não a leio até ao fim. Por vezes o interesse em certo livro já é tão grande, que nem preciso de ler a sinopse e salto logo para o primeiro capítulo.

5. Qual é o livro mais caro da tua estante?
A novela gráfica Watchmen, da DC Comics. Custou quase 30 euros na altura, por ser uma edição especial, mas digo que valeu cada cêntimo. É uma obra-prima. 

6. Compras livros usados?
Sim. E não tenho vergonha nenhuma de o admitir. Nas feiras de velharias então encontram-se livros muito bons a preços brutais. Já comprei livros a 1€.

7- Onde compras os teus livros?
Não quero fazer publicidade gratuita, mas normalmente compro em livrarias "físicas" ou pelos sites das mesmas. Nunca comprei um ebook, pois já li nesse formato (livros gratuitos) e não me satisfez totalmente. Ultimamente também costumo comprar muitos livros de colecções com jornais como o Público ou Sol (olhem a publicidade!), pois muitas vezes trazem livros excelentes a preços muito mais baixos do que nas livrarias em geral.

8- Manténs os teus livros lidos e por ler juntos/na mesma estante?
Estão na mesma estante mas separados. Por exemplo, os que já li estão na parte de cima e os que ainda tenho para ler, estão em baixo. Quando já não há mais espaço e têm que ficar juntos, podem estar na mesma fila mas ordenados por "lido" e "não lido".

9 - Alguma vez estiveste num período de abstenção de compra de livros?
É curioso, estou agora. Comprei muitos livros nos últimos meses e prometi a mim mesmo que não iria comprar mais nenhum até ler pelo menos uns 10 daqueles que tenho ali em fila de espera. Vamos ver se me aguento... :)

segunda-feira, 25 de maio de 2015

5 razões pelas quais detestei Daredevil



1 - Aquela cena de luta no episódio 2 no corredor, em que a câmara fica "estática" e vamos vendo como um homem cego luta contra aqueles gajos todos. Memorável. Uma das melhores cenas que já tive oportunidade ver em formato de televisão. É como se fosse poesia em movimento. 

2 - Todas as cenas de luta, porque não posso estar a falar de cada uma em particular, são extremamente bem coreografadas e dotadas de um realismo que por vezes assusta e nos deixa com o coração nas mãos. E, pasmem-se, são originais. Numa era em que já vimos tanto sobre heróis, os realizadores desta série conseguiram encontrar uma forma de nos mostrar outros pontos de vista.

3 - A série tem uma construção sublime dos personagens, que arranca no episódio piloto e é fechada brilhantemente no episódio final. O "devil" é nos apresentado como um "herói real", alguém que está de facto em desenvolvimento heróico (e pessoal) e ao mesmo tempo assistimos também a um desenvolvimento (embora descendente) do seu maior rival, o Rei do crime. Ambos os ciclos dos dois personagens acabam por chocar frontalmente no último episódio, em que vemos finalmente o Daredevil vestido com o seu uniforme tradicional e o King Pin vestido de branco na prisão (e não adianta dizerem que não passaram todos os episódios à espera que ele pegasse na m*rd* de um fato branco para vestir!!). Desculpem lá, mas se isso não foi genial, foi o quê? 

4 - A violência (por vezes extrema) nesta série, por estranho que pareça, nunca é gratuita. E se há cenas em que ela é escondida, há outras é que é extremamente gráfica e "justificada". Dou-vos um exemplo: não vemos o pai do Wilson Fisk a bater na mãe, só ouvimos o barulho de fundo, gritos, um choro agoniante, etc... mas logo a seguir (segundos depois) vemos o Wilson a espetar um martelo na cabeça do pai, assim puro e duro, POW. Entenderam? 

5 - A realização, edição, filmagem, planos, montagem... bem, a nível técnico é tudo excepcional. Aquela cena (não lembro o episódio sinceramente) em que aquele japonês cego está no carro sozinho a cantar e a câmara gira à volta do carro para nos mostrar o Devil lá fora, continuando depois a girar, a girar, é de uma envolvência na acção absolutamente brutal.



Posto isto, detestei a série, preferia não a ter visto, pois daqui para a frente tenho a fasquia muito elevada para qualquer série ou mesmo filme sobre heróis ou super-heróis. Para quem ainda não entendeu (que isto há gente que às vezes demora a assimilar), este post tem algo de ironia e sarcasmo, ok? Eu delirei com a série.

Este Daredevil do Netflix está para as séries de TV como o Batman Begins esteve para os filmes de super-heróis no cinema.





Finalizando: uma das melhores séries, de heróis ou não, que já vi, desde sempre e para sempre. 

E acrescento apenas que adorei também a análise bastante profunda que fizeram ao jornalismo actual VS blogs/internet. Algo a ser discutido mais tarde e com mais tempo.



quinta-feira, 21 de maio de 2015

Apresentação do livro na Festa Cultural de Coimbra



É com muita satisfação que vos informo que estarei presente, com a minha editora Capital Books, no espaço da Feira do Livro durante a Feira Cultural de Coimbra. Irei apresentar o meu livro "O Dia Em Que Nasci" no dia 31 de Maio (domingo) pelas 16:30h. E estão todos convidados a partilhar este momento comigo, onde teremos também uma sessão de autógrafos. Conto com a vossa presença. 

Para saberem mais informações sobre todo o evento, que envolve várias artes, desde o artesanato à música, consultem tudo aqui



quarta-feira, 20 de maio de 2015

WOW!!!

O season finale da série The Flash foi brutal, emocionante e até teve alguns eventos inesperados. 

ATENÇÃO AOS SPOILERS

Depois deste final, jamais alguém irá referir-se a esta série como algo mais "lighthearted" sobre a estória do Flash. Afinal, tivemos momentos de grande emoção, de uma sensibilidade extrema. Foram vários, mas destaco os seguintes:

- a conversa do Barry com o pai na prisão, com ambos em lágrimas quando têm que tomar uma decisão muito difícil sobre... o presente


- a cena no topo daquele prédio com a Iris. Para além de ser o lugar onde costumavam encontrar-se antes de ela saber que o Barry era o Flash, o diálogo deles foi absolutamente tocante... e com aquela referência ao futuro deles como casal!

- a cena da morte da mãe no passado onde vimos presentes o Barry do futuro, o do passado e o do presente. Quando o Barry do futuro faz aquele gesto para ele não avançar... quando ele fala com a mãe e a vê morrer assim. Foi demasiada emoção. Admito que chorei e não foi pouco. Acho que alguém que já perdeu alguém muito próximo, consegue viver aqui nesta cena muitos sentimentos semelhantes. Penso que a cena ficou extremamente bem conseguida, não só por elevar o Barry Allen do presente ao estatuto último de super-herói, devido à decisão de sacrificar o que afinal tanto queria, mas também por ligar e fechar toda a estória base desta temporada.


Depois, outras cenas que foram brutais. Quando o Barry entra no acelerador de partículas senti um arrepio. Claro que sabia que ele não morreria ali, não podia, porque o show precisa dele, mas a tensão foi tão bem construída que vivi-a de uma forma intensa. Quando o Thawne decide matar-se para salvar o futuro de todos, tornando-se afinal também ele um herói, foi inesperado, triste e revoltante ao mesmo tempo. No início da temporada não gostava muito dele como personagem mas ao longo do tempo fui tendo outra visão dele e não gostava nada que tivesse que ter este fim. Mas... teve que ser.

Não esquecendo que tudo isto foi aliado a uma banda-sonora que se destaca como uma das mais poderosas nas séries de TV actuais. Ah e claro, gostei dos vários easter eggs e dicas para o futuro da série. Mas aquela referência ao Star Wars foi qualquer coisa de muito AWESOME (não sendo a primeira nesta season):


"May the speed force be with you!"


E que a força esteja connosco para aguardarmos até à próxima temporada. Não haverá por aí um Barry Allen de sobra que me leve já para o futuro, não?




Corpo frio.

É apenas o excerto de um texto que nunca será publicado de outra forma.



"Tinha o meu corpo tão frio, que custou a despir-me. A noite caíra gelada, mas tu não. 'Estás a ferver', disse, quando os meus dedos desceram pela tua pele. E nem mais uma palavra. Apenas o silêncio a amarrar-nos, o meu peito contra as tuas costas e um suspiro: 'Fecha os olhos e deita-te'. Decidimos que eu dava as ordens e tu obedecias. Mas quem mandou beijar-te? Quem mandou sentir os teus lábios quentes contra os meus, se o que tínhamos combinado não poderia chegar aí?

E quem ordenou que eu ficasse preso nesse beijo por tempo indeterminado?” 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Capítulos


Estes são os títulos dos 5 capítulos que compõem o meu livro biográfico. Podem ser provisórios ou não, visto que o livro ainda não passou à fase final. Ainda está muito longe disso até. E estou ansioso para partilhar mais novidades com vocês sobre este projecto, mas por agora ainda tenho que me concentrar primeiro na promoção e divulgação do meu primeiro livro "O Dia Em Que Nasci".



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Entrevista para o blog Marcas de Leitura.



Na semana passada fui entrevistado para o blog Marcas de Leitura

«O meu livro "O Dia Em Que Nasci" está mais próximo de algo como "Os Jogos da Fome" ou outros livros de ficção científica que abordam alguma distopia de um futuro próximo.»

Podem conferir a entrevista completa aqui.

A solidão também é dos fortes.



É dos querem estar sós. E dos que decidem assim ficar. 
A solidão não é só uma fraqueza dos mais desprevenidos ou o choro dos que anseiam por companhia. Consideremos, uma pessoa pode estar tão só num quarto vazio como num grupo de seres dispersos. 
Por isso, este sentimento também é dos fortes, dos que optaram por fugir, dos que não conseguiram embrenhar-se na multidão asfixiante. 
E não é impossível estar-se bem num período de solidão, por muito que essa palavra carregue em si um peso forte, dramático, arrebatador
Muitos momentos fazem-se, celebram-se, marcam-se, sozinhos, sem ninguém que os veja ou que os analise cinicamente, vagamente, com pressa.

A solidão também faz parte do verbo ser. E desse verbo, cabe a cado um decidir o seu predicado. 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Já fomos todos o Jorge.


Não vou partilhar o vídeo aqui, porque já estou farto de o ver e sinceramente quero afastar essa negatividade de mim. Hoje fiquei mais aliviado por saber que as autoridades competentes já estão a tratar do caso e que, eventualmente, será feita justiça. Pelo menos, assim o espero. 

Partilho apenas algo que me saiu ontem, logo após ver aquela barbaridade, algo que escrevi e enviei por mensagem privada para a mãe do rapaz que foi agredido. Já todos fomos o Jorge, de uma forma ou de outra, física ou psicológica, já todos sofremos bullying. Também já o podemos ter praticado. Deixo aqui a mensagem que escrevi, mas agora dirigida a todas as mães, pais, amigos, colegas, professores. Denunciem, SEMPRE! Pois o silêncio é o vosso pior inimigo nestes casos. Um caso que não é denunciado, é como se não existisse. 

Sou voluntário numa associação que oferece apoio e informação a jovens em casos de bullying, preconceito, agressões, e todos os dias luto para que esta realidade mude. Infelizmente, parece-me que os casos só tendem a aumentar. Mas não vamos nunca deixar de os combater. Numa era em que tudo se torna viral na internet, uma simples mensagem, uma partilha, uma palavra, pode fazer toda a diferença. 

Para todos os "Jorges", pais, amigos, esta foi a mensagem que enviei ontem, mas que poderia ser para qualquer um de vocês. Lutem, não com violência, mas sem medo.

"Olá. Não a conheço, provavelmente nunca irei conhecer. Mas não consigo deixar de partilhar as minhas palavras de apoio depois do vídeo que vi e que se tornou viral, com aquela infeliz agressão ao seu filho, Jorge.
Já trabalhei várias vezes com crianças e jovens, e esta é uma realidade que me choca bastante. Depois de ver o vídeo, fiquei durante muito tempo a chorar, sozinho. E eu não conheço o seu filho, não sei qual é a sua história, mas foi-me impossível não sentir tristeza, revolta e uma tamanha injustiça perante aquilo que vi. Espero que todas as partilhas que têm sido feitas no facebook e outras redes sociais ajudem a que se faça justiça sobre este caso.
Sei que, como mãe, deve sentir uma dor tremenda que não consigo sequer imaginar quando vê estas imagens ou quando apenas lhe falam sobre isto, mas lembre-se que existem associações e entidades próprias para onde estes casos de bullying e agressões físicas e psicológicas podem ser encaminhados. E as autoridades também devem actuar perante uma queixa num caso destes.
Não deixe nunca de o fazer. E conte com apoio para isso.
Não sei se as minha palavras chegarão até si, mas espero que de alguma forma as leia e compreenda, porque por outro lado isso deixa-me mais descansado. Tenho pena de não poder fazer mais, porque se pudesse faria justiça própria a quem agrediu este jovem tão cobardemente, mas espero sinceramente que este caso seja notícia e ajude a mudar esta triste realidade desta geração do nosso país.

Espero não ter sido abusivo ao escrever esta mensagem privada, mas, na minha consciência, eu não poderia deitar-me hoje e dormir, sem pelo menos fazer chegar a si algumas palavras de força e apoio."

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Bad man




A primeira temporada de "Gotham" chegou ao fim com uma cena de uma tensão brutal, um twist diabólico, uma catfight inesperada e a revelação de um segredo sombrio. "Eu estou calma". Oh... sim...

"Gotham" não é uma série sobre super-heróis, é, literalmente, uma série sobre uma cidade.

Agora que chegou ao fim, penso que posso afirmar que esta foi uma primeira temporada bastante equilibrada. 

Atenção aos SPOILERS para quem ainda não viu o último episódio.


Aquela cena em que o Maroni passa o tempo a provocar a Fish foi realmente tensa... e adorei quando ela o matou. Finalmente isso aconteceu. Era algo que eu já queria ver há muito tempo. "Eu estou calma", disse ela. Que brutal!

Depois tivemos aquele twist diabólico sobre a Barbara ter assassinado, afinal, os seus pais. E a forma como ela decidiu contar isso? Que medo! Depois disso, claro, seguiu-se uma das catfight do episódio e devo dizer que adorei a cena, senti até um pequeno elogio a alguns filmes de terror clássicos que bem conhecemos.

Não esperava que a Fish morresse, nem que o Falcone ficasse vivo. 

Por isso este episódio foi, pelo menos para mim, realmente surpreendente. 

Como se não bastasse, mesmo já nos últimos minutos, assistimos também, finalmente, à "transformação" do Nygma no vilão psicopata e enigmático (yeah!) que ele tinha vindo a construir ao longo de vários episódios.

Mas os últimos segundos do episódio foram realmente arrasadores (ainda por cima com aquela música de fundo). Revelado o segredo sombrio (no seu sentido literal) do pai do pequeno Bruce, tivemos então a primeira visão sobre a (futura) batcave? Mas ficam no ar várias questões sobre isso, que podem ser aprofundadas no longo tempo de espera até à segunda temporada.

Sou talvez o fã número um do Batman. Sou quase um cidadão da Gotham dos comics, dos filmes e dos videojogos, de tantas horas que já lá passei. E não podia estar mais satisfeito com o resultado final desta temporada. Brilhante.

Mais alguém reparou na frase que o James Gordon diz ao telefone: "He's a bad man, but he's the best bad man we've got".

Badman... Hmm Hmm!!

Com os reis do crime e da máfia afastados de cena, parece que a segunda temporada irá focar-se apenas nos super-vilões (senti aqui um grande elogio a The Long Halloween, umas das melhores estórias de sempre do Cavaleiro das Trevas nos comics).

Esperemos para ver.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Bilhetes baratos, o povo agradece!

Já aproveitaram estes três dias de bilhetes mais baratos em todas as salas de cinema portuguesas? É a Festa do Cinema e quem me dera que fosse sempre este o preço, mais do que justo! Aposto que as salas estariam sempre bem mais cheias e pode até servir de exemplo para isso.

Hoje aproveitei para ir rever os meus amigos Vingadores e a sala estava esgotada. Já tinha ido ver no dia de estreia do filme e não estava nem metade... isso quer dizer algo, certo?


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Una novità!

Desde o início deste ano que me candidatei a vários projectos de voluntariado internacional.

As candidaturas não são fáceis. Podem achar que por estarmos a querer ser voluntários, vão logo aceitar-nos e pronto, mas não. Temos que enquadrar-nos em vários requisitos para uma pré-selecção e depois há sempre um contacto mais informal (na maioria dos casos) via skype. Claro que isso também depende muito das organizações/empresas através das quais tentamos a nossa sorte.

Depois de dezenas de candidaturas, fui sabendo algumas respostas. E fui seleccionado para ir para a Eslovénia, Grécia, Marrocos, Reino Unido, Itália e Turquia (recebi elogios brutais sobre a minha candidatura num destes casos, deixem-me ser um bocadinho vaidoso agora, sim?). Inicialmente a minha ideia era ficar cerca de 6 meses, mas por questões relacionadas com o lançamento do meu livro, tive que reduzir a minha estadia para 1/2 meses. Por isso, tive que desistir de quase todas essas hipóteses que tive. E claro, era impossível ir a todos, porque começavam quase sempre nos mesmos meses e tinham a mesma duração.

Só para terem noção, estes quatro sítios desta imagem, eram apenas alguns dos sítios possíveis onde eu iria ficar. Acreditem que custou-me ter que negar a estadia naquela ilha grega aqui do lado direito em cima, principalmente porque era um projecto muito interessante com crianças.


Marrocos, Grécia, Eslovénia e Reino Unido. 


E, sem guardar mais segredo, posso revelar que de todas as opções, acabei por escolher ir para Itália. Vou fazer parte inicialmente de um projecto de arte (música e teatro) que irá começar em Agosto e decorre até Setembro na região de Bolonha. E depois, se tudo correr como esperado, vou ainda até ao final de Setembro para outra região (Lucca, perto de Pisa) para ensinar inglês a crianças e adultos durante 2/3 semanas. 

Em troca espero apenas receber uma realização pessoal que não se atinge de outra forma. E claro, vou receber também a comida e alojamento (convém!). E vou ter direito a uma troca de cultura inigualável. Comigo vou ter voluntários de outros países, vou treinar várias línguas e aprofundar o meu italiano (sim, já o ando a estudar e bem!).

As pessoas perguntam-me: "Mas tu vais mesmo?", "SOZINHO?", Não tens medo?".

Se tivesse medo, não vivia muitas coisas. E vou, pois! 

Mas vá, eu admito, tive um bocadinho de medo quando vi o mapa das linhas do metro/comboios de Milão (o meu voo vai para aí). Mas depois lembrei-me que quando andei pela primeira vez no Metro de Lisboa, perdi-me logo e, quando andei pela primeira vez nas linhas do Metro de Madrid (MUITO maiores!), não me perdi. Portanto, é tudo muito relativo, é tudo uma aventura e é tudo uma questão de deixar o receio em casa (e ao preço que está a bagagem nos aviões, é mesmo melhor não o levar a fazer peso na mala!). 

Já fui voluntário em tantas áreas diferentes. Até já fui voluntário à força. :) E sei que trarei desta experiência muitas estórias para vos contar. E que, mais importante que tudo, irei contribui para ajudar alguém que precisa de mim, enquanto eu próprio serei ajudado noutro sentido. 

Arriverdeci, a presto!

Buonasera, Italia!




Guiador



Quando eu era ainda criança e andava a aprender a andar de bicicleta, quiseram mudar-me para as bicicletas maiores, mas eu tinha receio de cair. Por isso, um amigo, que já tinha mais idade, disse que ia ensinar-me e empurrar enquanto eu pedalasse. Disse-me que ia sempre segurar-me pelo banco para que eu não tivesse medo. Certo dia, estávamos numa estrada extensa, que era uma grande recta assustadora, parecia não ter fim. Montei-me na bicicleta maior, comecei a pedalar e ele sempre a agarrar-me o banco a correr mesmo atrás de mim, para que eu não caísse. Continuei, sempre em frente, mais rápido, mais estável, sem medo de cair. E ele sempre a segurar-me. Não. Afinal não. Já não estava a segurar-me.
Quando olhei para trás e percebi isso, perdi o controlo e quase caí, porque voltei a ter medo.
A verdade é que eu já sabia andar assim sozinho e foi isso que ele quis mostrar-me. Quando não temi, quando senti que alguém estava a proteger-me de cair, consegui ir em frente sem qualquer dificuldade.
Anos mais tarde percebi que desse pequeno gesto podia tirar uma grande licção para a vida.
Tal como para aprender a andar de bicicleta temos que deixar o medo de lado, também noutras situações da vida temos que o fazer se quisemos seguir em frente. Para não hesitares, imagina que está alguém sempre ao teu lado a segurar-te. E continua a guiar em frente, pedala com mais força ou mais devagar conforme as subidas e descidas. Podes até atrever-te e fazer algumas acrobacias. E se em algum momento te desequilibrares, é normal, faz parte do percurso. Atenção às pedras na estrada, aos caminhos de terra e aos dias de calor intenso. Podem cansar-te. E deves cansar-te, tens esse direito.

Desde que voltes sempre a seguir em frente.

Desde que não tenhas medo.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Isto de andar sozinho - II

       

 10:30h
O dia de hoje nasceu cinzento e mais frio, contrastando bastante com o Sol bonito de ontem, e arruinando quase por completo qualquer tentativa de registo fotográfico.
                Ainda assim, levantei-me muito cedo para aproveitá-lo e fui ao centro beber um café para aquecer. Hoje também não tive direito a lugar “não pago”. Visitei uma igreja absolutamente “uau!”. E escrevo isso porque quando lá entrei soltei mesmo essa expressão em voz alta, apenas para descobrir que a um canto estava uma rapariga admirada e a rir-se para mim. Pensei que estava sozinho.
                Agora estou nos correios à espera para ser atendido. Tenho 20 pessoas à frente. E basicamente estou aqui sentado com três compadres velhotes que comentam todas as mulheres (e raparigas) que aqui passam. “Esta tem cá um pernão...” – a idade não lhes trouxe o juízo. Portanto também já não tenho esperança para mim.
                “Ó rapaz você tem bem que esperar, que isto aqui é a passo de caracol” – diz-me agora um deles. Vou parar de escrever, para falar um pouco com os senhores.
                No entretanto, enquanto pousei o bloco de notas, aproveitei também para dar uma volta aqui na rua (ainda tinha 16 pessoas à frente) e perdi a minha senha. A sério que tinha de ir tirar uma nova senha e voltar para o fim da fila?! Não. A sorte estava do meu lado, dei uma nova passagem pela rua e encontrei o papelinho no chão. Ah Filipe!!



                12:43h
                Estou na esplanada do castelo a pensar sobre o jantar da noite passada. Já me tinha esquecido de como (quase) tudo leva alho na gastronomia alentejana. E o senhor do restaurante insistiu que eu provasse algo que tinha MUITO alho por cima. Disse que não queria, mas o senhor fez questão. E então lá provei. Já não consigo lembrar do nome daquela carne, mas só digo que teria sido realmente muito parvo se não tivesse provado, porque era mesmo muito, muito bom. E nisto chegam dois senhores e interrompem-me o pensamento, estão a perguntar-me se acho que podem fumar aqui. Ao que eu digo que sim, se estamos na rua, mas um deles diz-me que acha que já não se pode fumar na rua, que o governo proibiu isso. Não sou fumador, não sei, explico. “Parecia que estava a fumar” – diz-me o outro. Terá sido porque tinha a caneta na mão? Pareceu-lhe um cigarro? “Eu acho que é só em Lisboa que não se pode fumar na rua, o meu amigo é de lá?”. Digo que não, que não sou. E que tenho a certeza absoluta que lá pode fumar-se na rua à vontade. “Olhe eu vou fumar, se alguém me disser alguma coisa, eu digo que foi o meu amigo que disse que podia”. Claro... Filipe Vieira Branco a Presidente da Câmara de Elvas?



                15:22h
                Já corri a cidade (zona histórica) toda a pé.
                Agora estou no café à “esturricana do calor”, segundo disse agora uma velhinha que até se está “sentindo mal por causa disso”. De facto o tempo melhorou bastante à tarde, uma reviravolta positiva. E a senhora sente-se mal, com razão, diz que teve um “acidente em casa”, caiu na banheira. Mas não pára de falar. Tem uma “amiga muito chata que põe-se a falar, a falar, a falar” e nem a deixa andar para ir ao café. Ainda por cima foi ao médico e ele ofendeu-a porque “morremos todos, não se rale, depois cá lhe fazem as partilhas”. Disse ele, sacana. Não sei se de facto a amiga chata é apenas algum alter-ego da senhora. “Olha agora foi-se o Sol” (primeiro queixava-se do calor, agora queixa-se que se foi a fonte dele). Passou uma nuvem e tapou-o. Aproveito também a deixa, levanto-me e “boa tarde, até outro dia.”
                Quando vou a subir a rua, ouço a senhora dizer: “Olha agora já não tenho escrivão.”
                ESCRIVÃO? É que enquanto ela falava, não parei nunca de escrever. Perspicaz, a senhora?


                



                15:54h
                Vim cortar o cabelo a uma barbearia tradicional. Acho que estou a viver a cidade ao extremo, o que é brutal. Ouve-se fado aqui. Banda-sonora apropriada, certo? Digo eu, que muitos cantam o fado, mas nem todos são fadistas. Eu por exemplo, já fui chamado de fadista e não o canto. “Estranha forma de vida”, choraria alguém. Chega a minha vez. O senhor barbeiro pergunta-me de onde venho, que isto nota-se logo que não sou gente de cá. E eu lá lhe explico a minha origem. Corta-me o cabelo como ninguém, com perfeição, audácia, pormenor. Entre cada corte, vamos falando bastante, sobre o turismo, trocamos ideias sobre o que vai mal, o que vai bem. Deixo-o orgulhoso quando lhe digo que estou a amar Elvas e que acho que é uma cidade lindíssima. “Fico contente de saber, que eu sou muito bairrista” – diz-me o senhor. Aconselha-me mais monumentos e lugares a visitar aqui na zona e também na zona mais perto em Espanha (Badajoz, Mérida, etc). Anoto mentalmente todos os conselhos. Não há melhor guia turístico do que uma pessoa da terra, que conhece tudo e mais alguma coisa. Anoto também a simpatia e prometo voltar um dia, mais lá para a frente, com amigos. Foi uma boa conversa, culturalmente enriquecedora. Só fui parvo porque esqueci-me de tirar uma foto à barbearia, bem o merecia. Mas pelo menos ainda disse ao senhor, depois de saber que o espaço tem quase 50 anos e que já passou de pai para filho, que o turismo não são só os lugares que vêm assinalados nos mapas, mas sítios assim também, como o seu espaço. E disse-o de coração, porque é uma grande verdade e é aquilo que distingue o turista que vê do turista que vive.


                18:50h
E ao fim do dia já vi e vivi de tudo, pontes romanas, torres medievais, fortes, museus, eu sei lá o que é que já vi. Estou cansado mas ainda hei-de ir ali a um sítio.
Ou não, pois quando vou a entrar, vem um segurança e pergunta-me “Desculpe, tem autorização para entrar?”. Pois, não tinha, obviamente. Lá me expliquei, que não sendo destas paragens, não sabia (mas já desconfiava) que ali não podia entrar. E então não é que o segurança me diz quando devo voltar e a que horas de forma a que não esteja ninguém a vigiar e eu possa entrar à vontade? Por essa eu não esperava. Não digo o nome do sítio, para não comprometer ninguém. Mas aqui toda a gente me trata com simpatia, está mais que provado. Até o segurança foi simpático e acolhedor.

Estou aqui recostado na cama e sinto um leve escaldão no pescoço. Foi o Sol, malandro. 



Só mais uma foto do dia de hoje em Elvas.


A praça.

Carregar na foto para ver em tamanho maior.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Isto de andar sozinho - 1


Decidi que precisava de uns dias, sozinho. Decido isso muitas vezes. Não é que não goste de estar acompanhado, mas isto de andar sozinho tem algo especial que poucas pessoas compreendem.
E eu dou-me muito bem comigo próprio, se é que se pode assim dizer. Decidido assim, marquei de um dia para o outro aquilo a que chamei “Alentejo Road Trip”.
O Alentejo é a região que mais me seduz no nosso país, e havia uma parte dele que ainda não conhecia. Já tinha ido até Portalegre, Beja, Évora, Ponte de Sor, Marvão e a outros tantos sítios alentejanos, mas nunca tinha avançado até Estremoz ou Elvas, por isso procurei uma estadia barata e boa (e acreditem que mais barato era impossível). Fiz-me à estrada.


Tive que parar três vezes pelo caminho. Não por cansaço ou outro problema, mas porque a paisagem da planície me obrigou a isso. Fiquei alguns minutos num local à beira da estrada só a inspirar o ar quente e abafado que a terra para além do Tejo sempre nos traz. Mas lá cheguei a Elvas. Aqui estamos bem longe do mar e isso nota-se só ao respirar.




Ao chegar à minha estadia, deram-me um mapa turístico, mas deixei-o no quarto. Vim sem ele, sem qualquer guia, sozinho à descoberta. Encontrei logo sítios fantásticos (podem conferir pelas fotos que tirei). Não é difícil, já que Elvas, a cidade fortaleza, tem História em cada esquina.
Vim ao centro Histórico e ao estacionar o carro fiz logo uma amiga. Diz-me então a senhora velhota da janela da sua casa caiada de branco: “Ó filho na estacione aí, que se paga. Ponha aqui à ‘nha porta que na faz mal nenhum.”
Ficámos logo a conversar os dois e até fiquei a saber de um caso de polícia aqui da cidade, que “veio no jornal e tudo”. Mas que na tenha medo”, que ninguém me faz mal. Faz de conta que sou daqui. Lá me despedi da senhora. 


Mais tarde, dados alguns passos por ruas estreitas abaixo, entrei numa igreja magistral, assisti a umas obras de reconstrução e ao ensaio do coro (ao mesmo tempo). Porque quando se vem sem mapa, tudo parece acontecer mais naturalmente.




Agora estou numa esplanada aqui do centro a escrever. E a observar as vidas que aqui passam, a ouvir o sotaque que aqui se pronuncia. Porque é assim que se vivem os sítios.
Amanhã talvez traga o mapa. Ou talvez vá a Badajoz, já que está ali mesmo à vista e bem que que preciso de treinar o meu español.




segunda-feira, 4 de maio de 2015

sexta-feira, 1 de maio de 2015

PASSATEMPO - oferta de um livro "O Dia Em Que Nasci"

Vou oferecer um exemplar autografado do meu primeiro livro, O Dia Em Que Nasci. Para participar é muito simples, basta fazer o registo na aplicação do Facebook que está na minha página de autor e ficará imediatamente habilitado ao sorteio automático, que acontecerá no próximo dia 10 de Maio.

Link para app do sorteio: http://www.yesfb.com/promocoes/106076




Aproveitem! E...
Boa sorte!

Um dia para relembrar.

Momentos marcantes do lançamento e sessão de autógrafos do meu livro "O Dia Em Que Nasci", no dia 18 de Abril no Teatro Maria Noémia (Meia Via, Torres Novas).