segunda-feira, 30 de maio de 2016

Serviço Voluntário: Una fine. Un nuovo inizio.

Foto: Andrea Angelini (Gennaio 2016). 


Prima, scusate ma il mio italiano fa un po... schifo (le cose che i bambini me insegnano a dire, ahah!!). 

Domani è l'ultimo giorno del Centro Educativo. Poi iniziamo il Centro Estivo. Ma tutto cambia ora.
E così hanno trascorso otto mesi da quando sono arrivato qui. Non è ancora la fine del mio Servizio Volontario, ma è impossibile non pensare a tutto quello che ho fatto finora e... che manca solo due mesi per finire. 

Foto: Andrea Angelini (Gennaio 2016). 


Mi ricordo di essere a casa, triste, senza sapere che fare con la mia vita, quando ho deciso di cercare un'avventura nel volontariato. Poi sono venuto qui. 

All'inizio non sapevo cosa aspettare, ma oggi sono sicuro che non avrebbe potuto avere un progetto migliore per il mio SVE.

In questi otto mesi ho imparato tanto, ma così tanto. Tutti i bambini mi hanno insegnato qualcosa. Ho imparato a guardare la vita in modo diverso. E ho avuto un sacco di amore. Ho qualcosa che non avrebbe mai potuto avere se non avessi accettato questa sfida. E così ho anche tante risposte.

Foto: Andrea Angelini (Gennaio 2016). 


“Fai della mente una fortezza e barricati nella tua ignoranza." - È 'una frase che era scritta nel diario di uno dei ragazzi con chi che ho lavorato. E questo riassume perfettamente gran parte di quello che ho imparato.

Alcuni dei bambini non saranno nel Centro Estivo, e mi costerà a dire ora così arrivederci. Quindi ringrazio tutti quelli che in qualche modo hanno fatto i miei giorni, in questo bellissimo posto, un buon ricordo che porterò nel mio cuore ... in due mesi, quando torneró in Portogallo.

Io so che non è ancora la fine, il Centro Estivo sarà un'altra grande avventura.

Ma mi mancherá  fare i compiti ogni giorno. "Compitiiiii!!". Mi mancherà aiutare a preparare la merenda. "Meeeeeerenda!!". E molte, molte cose.

Ma va be ... como dice il Piccolo Principe: "Per oggni fine, c'è un nuovo inizio".

Foto: Andrea Angelini (Gennaio 2016). 


PORTUGUÊS 

Amanha é o último dia do Centro Educativo (a escola vai acabar). Depois iniciamos o Centro de Verão. Mas tudo muda agora.
E assim passaram 8 meses desde que cheguei aqui. Ainda não é o fim do meu Serviço Voluntário, mas é impossível não pensar em tudo o que fiz até agora. E já só faltam 2 meses. Lembro-me de estar em casa, triste, sem saber que coisa fazer da minha vida, quando decidi procurar uma aventura no voluntariado. E vim ter aqui. 

Ao início não sabia bem o que esperar, mas hoje estou certo de que não podia ter tido um melhor projecto para o meu SVE. 

Nestes 8 meses aprendi tanto, mas tanto. Todas as crianças me ensinaram algo. Aprendi a olhar a vida de uma outra forma. E recebi muito amor. Recebi algo que jamais poderia ter se não tivesse embarcado neste desafio. E ao estar aqui tive tantas respostas. 

"Faz da tua mente uma fortaleza e barrica nela a tua ignorância." - é uma frase que estava escrita na agenda de um dos meninos com que trabalhava. E esta resume perfeitamente muito do que aprendi.

Algumas das crianças, não estarão no Centro de Verão, e vai custar-me dizer já assim adeus. Por isso devo agradecer a todos os que de alguma forma fizeram dos meus dias, neste lindo lugar, uma boa recordação que levarei no meu coração... daqui a 2 meses, quando voltar a Portugal. 

Sei que não é ainda o fim, que o Centro de Verão vai ser outra grande aventura. 

Mas vou ter saudades de fazer os trabalhos de casa todos os dias. "Compitiiiii!!". Vou ter saudades de ajudar a preparar o lanche. "Meeeeeerenda!!". E de tantas, tantas coisas. 

Ma va be... come diz o Principezinho: "Para cada fim, há um novo início.".

terça-feira, 24 de maio de 2016

Deixa-me ser - excerto do livro #2



Pequeno excerto da Capítulo 2 do livro Deixa-me ser, que conta toda a história do meu coming out.


"2007, Março

       A partir de certa altura o quarto da minha irmã revelou-se para mim como o espaço mais acolhedor da nossa casa.
     Ali eu não tinha sombras de memórias negras que me atormentassem, nem as paredes pareciam tão fechadas sobre mim. (...)
      Das quatro pessoas da família que viviam comigo ali, só a minha irmã não tinha sido ainda confrontada directamente com a situação que vinha a acontecer há vários meses. Mais um motivo para eu me sentir ali mais seguro, isento de qualquer julgamento.
     O que me afastou de uns aproximou-me então dela, abrindo espaço para algumas confidências. Não o disse de rompante, mas fui aproveitando vários momentos de filmes e séries, que passámos a ver juntos, para fazer comentários sobre a beleza deste ou daquele rapaz. Nem sabia se ela levava a sério, mas também não interessava, desde que eu sentisse liberdade suficiente para dizer como era atraente o protagonista de uma história que partilhássemos. E como era bonito eu ali a declarar aquilo assim, sem que ela perguntasse porque o dizia. Às vezes ria, às vezes franzia o sobrolho e olhava-me de lado. Talvez discordasse dos meus gostos, talvez achasse estranho. Mas nunca pediu que me calasse. Nunca pediu que eu fosse de outra maneira.

      Isso chegou sempre para me resguardar ali com ela. E desse resguardo nasceu uma cumplicidade inesperadamente verdadeira (...)."



quarta-feira, 18 de maio de 2016

Deixa-me ser - pequeno excerto do livro



Retirado da parte XII do Capítulo 3 do meu livro biográfico: Deixa-me ser. 


"2009, Setembro

(...) Quando falo em segurança, refiro-me ao modo como era acolhido ali, sentindo sempre que nos momentos em que estivesse sozinho, teria sempre na casa C do terceiro andar, um género de família que se improvisava por necessidade. Eu precisava delas e elas precisavam de mim. Ao fim das noites de trabalho, do cansaço dos estudos ou do pós-apocalipse de alguma noitada, havia sempre algum de nós que surgia com um saco cheio de fast food, um filme para ver ou uma conversa simples de se ter. E nessa naturalidade tão própria de sermos assim, fomo-nos conquistando uns ao outros.
  Não demorou muito até que alguma das camas, o sofá da sala ou mesmo o chão de algum dos quartos, passasse a ser também o meu pouso. Vivia, novamente sem o saber, os dias mais felizes da minha vida; até então. Obviamente que se o escrevo agora assim, deixo-te já a pensar em alguma pista para algum tipo de tragédia que se seguirá nos próximos actos, que narrarei como até aqui tenho feito. Mas não penses que o farei de ânimo leve, e podes ponderar que, mais fundo do que fui nos capítulos anteriores, é impossível a um ser humano sucumbir. Terás a tua razão, mas talvez deva acrescentar que nas jornadas anteriores, a minha descida foi feita quase a sós, descendo passo a passo a caverna do meu próprio isolamento. E nunca me dirigi a ti, leitor, mas tinha que o fazer agora, pois daqui em diante iremos juntos perceber que só é possível uma descida tão severa e penosa ao lado mais retorcido e escondido do nosso ser, quando o fazemos acompanhados por alguém que amamos.

Conquistado então o meu espaço naquela casa, que afinal era de todos, passei a frequentá-la com o meu namorado. (...) Pelo menos quando estávamos ali, podíamos sentir-nos completamente à vontade, sem aquele medo inconsciente que sempre nos perseguia quando estávamos num jardim público, nalguma rua, algum café. Aí era sempre diferente, tentávamos sempre disfarçar a nossa intimidade. Ele tinha receio, mais do que eu. (...) O mais natural, pareceu-nos, foi reservarmos os nossos momentos mais íntimos, os beijos, as carícias, trocas de amor, para lugares onde éramos bem recebidos e aceites, embora, claro está, isso fosse completamente injusto quando observado de um ponto de vista social e dos nossos direitos."

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Serviço Voluntário: Fado em Itália



Imagina o que é estares a milhares de quilómetros do teu país e sentares-te numa sala de teatro para assistir a uma peça sobre o teu Portugal. Só por si isso já era emocionante o suficiente estar ali. Mas agora tenta imaginar o que senti quando soaram os primeiros acordes do fado (Júlia Florista), canção que te fala da tua Lisboa, das tuas raízes mais profundas. O resultado foi, claro, um arrepio tremendo, seguido de lágrimas... de saudade. Não estivéssemos nós a falar, afinal, do fado.


Mas agora deixem-me contar-vos porque tive esta oportunidade raríssima aqui em Itália

Por sorte, estou numa cidade (Forlì) onde se estuda português na universidade (curso de tradução). E num género de festival de teatro, alguns estudantes de português da Associazione SSenzaLiMITi decidiram levar a palco uma história sobre o nosso país. 

"Fado, Alface e Fantasia" partiu da questão "E se o Presidente decidisse proibir o fado para sempre?", fazendo assim uma divertida reflexão sobre a Revolução do 25 de Abril e os tempos negros da ditadura, apresentando também o fado como uma metáfora da liberdade. Esta peça teve tudo o que eu podia pedir numa obra sobre o meu país. Para além de lembrar de imediato o nosso tradicional teatro de comédia (como a revista), não faltaram referências à nossa cultura, à nossa música, História, gastronomia... e até aos nossos longos nomes! Juro que esta última fez-me rir e muito! :D

A peça foi sempre falada em português, por actores que não são nativos da língua e que por isso merecem o meu grande aplauso. Mas havia ali uma senhora que era mesmo portuguesa, pois (claro!) consegui notar logo a diferença. E devo acrescentar que quando ouvi o seu português puro ser falado, senti um arrepio brutal.


O meu Serviço Voluntário Europeu tem trazido muitas surpresas, mas por algo assim eu jamais esperei. Mas já que falamos de fado, devo dizer que cada vez mais acredito que nada acontece por acaso; tudo tem um Destino. Eu não podia ter sentido assim esta mesma peça noutras circunstâncias. 

Ao fim aplaudi emocionado, ainda com aquele fado a ecoar dentro de mim. E por momentos sim, foi como se tivesse voltado a casa.



domingo, 8 de maio de 2016

Serviço Voluntário - Itália é POW!

Assassin's Creed na última feira de comics & games em Forlì (Dezembro).


Tenho que vos contar algo aparentemente simples mas que me surpreendeu MUITO aqui em Itália.

Este país é o paraíso geek para um amante de comics (e videojogos e afins!).

Podia ficar horas a escrever sobre isso, mas vou só dar 3 ou 4 exemplos:

- os quiosques estão CHEIOS de livros de comics, mas mesmo cheios, vocês não têm noção. E isso faz com que esta arte seja mais económica por aqui. Ainda hoje vi o Civil War à venda por 1,99€. * AGORA PENSA! *

- quando vamos a um sítio público, tipo quando vou cortar o cabelo, na sala de espera estão sempre livros de comics para ler (normalmente de autores italianos). Ou seja, em vez de revistas cor-de-rosa... estão a perceber? Estão lá comics em vez disso! BRUTAL! A sério... é simplesmente WOW!

- Itália tem muitos autores e desenhistas a trabalhar nas gigantes Marvel e DC Comics (e orgulha-se muito disso, com chamadas de atenção especiais nos livros!). Mas... não se fica nada atrás na qualidade e êxito das produções que são 100% italianas, como Dylan Dog ou Tex (citando apenas alguns exemplos)

- e claro que depois disto sobra o melhor. Eu nunca vi tanta feira de comics, videojogos, cosplay, retrogaming... a acontecer durante o ano todo em várias cidades. Só aqui na minha cidade (em 6 meses) já vamos para a segunda. Nas cidades vizinhas o mesmo, sem esquecer que em Luca acontece a segunda maior "Comic Con" do mundo (só que não se chama Comic Con, whatever, vocês entenderam). Roma, Milano e Napoli também têm feiras GIGANTES! Itália é o paraíso geek, acreditem. Mas é o inferno para a minha carteira. O meu pocket money de voluntário não chega para tanto. AHAHAH!



Meus heróis do cosplay na mesma feira em Dezembro.


sexta-feira, 6 de maio de 2016

Serviço Voluntário: fino alla fine



Faltam 3 meses para o fim do meu projecto. E não há como fugir a isso.

Mas devo dizer que se já me senti triste por isso, ontem senti algo diferente. Estava em casa, num jantar com outros voluntários, e num dado momento fui à varanda e fiquei só com a rua e as estrelas de uma noite amena. A vida é feita de momentos extremamente simples, disso tenho cada vez mais certeza. E foi por isso que senti uma tranquilidade surpreendente.  Não senti nem tristeza nem vontade de ficar. Senti que a minha missão foi cumprida. E que em 3 meses terei de voltar. 

Mas não foi por acaso. 

No primeiro mês eu também tive um jantar assim, também fui lá fora na mesma varanda (a temperatura voltou agora a ser a mesma, por isso a recordação) mas nessa altura senti muitas dúvidas sobre a minha vinda para aqui. Tinha uma incerteza gigante sobre o que aconteceria. Hoje estou certo de que fazer o SVE foi a melhor opção que eu fiz na vida. 

E por isso devo apenas sentir-me grato (a mim próprio, mas sobretudo aos que me acolheram aqui)

Como quero deixar a minha marca pessoal, estou a fazer um vídeo sobre o Centro Educativo, que depois vou apresentar na festa de fecho do ano lectivo. Estou a adorar o trabalho de filmar os miúdos, os educadores e as actividades. 

Afinal essa também é uma paixão minha. E tenho a certeza de que vou surpreende-los com o resultado final. Estou ansioso para o mostrar! :) 


terça-feira, 3 de maio de 2016

Serviço Voluntário - as cores de Itália



Estive a fazer as contas e nestes 7 meses já visitei mais de 20 cidades/locais diferentes aqui em Itália. Contando, obviamente, cidades muito vizinhas da minha, para onde viajei por 2€ - por exemplo. Mas o que quero mesmo dizer é o seguinte: ao fim de 7 meses, Itália ainda me surpreende. 

Era um domingo chato. À última decidimos apanhar um comboio e ir a uma cidade próxima. 20 minutos, estávamos lá. E é isto. Cada local tem sempre algo belo para ver, alguma cor que se destaca, até simples por vezes. Esta foto foi registada em Imola, uma cidade plena com estas cores típicas da Emilia-Romagna (minha região). Este país é extraordinário! 

Não restam dúvidas.