quarta-feira, 11 de maio de 2016

Serviço Voluntário: Fado em Itália



Imagina o que é estares a milhares de quilómetros do teu país e sentares-te numa sala de teatro para assistir a uma peça sobre o teu Portugal. Só por si isso já era emocionante o suficiente estar ali. Mas agora tenta imaginar o que senti quando soaram os primeiros acordes do fado (Júlia Florista), canção que te fala da tua Lisboa, das tuas raízes mais profundas. O resultado foi, claro, um arrepio tremendo, seguido de lágrimas... de saudade. Não estivéssemos nós a falar, afinal, do fado.


Mas agora deixem-me contar-vos porque tive esta oportunidade raríssima aqui em Itália

Por sorte, estou numa cidade (Forlì) onde se estuda português na universidade (curso de tradução). E num género de festival de teatro, alguns estudantes de português da Associazione SSenzaLiMITi decidiram levar a palco uma história sobre o nosso país. 

"Fado, Alface e Fantasia" partiu da questão "E se o Presidente decidisse proibir o fado para sempre?", fazendo assim uma divertida reflexão sobre a Revolução do 25 de Abril e os tempos negros da ditadura, apresentando também o fado como uma metáfora da liberdade. Esta peça teve tudo o que eu podia pedir numa obra sobre o meu país. Para além de lembrar de imediato o nosso tradicional teatro de comédia (como a revista), não faltaram referências à nossa cultura, à nossa música, História, gastronomia... e até aos nossos longos nomes! Juro que esta última fez-me rir e muito! :D

A peça foi sempre falada em português, por actores que não são nativos da língua e que por isso merecem o meu grande aplauso. Mas havia ali uma senhora que era mesmo portuguesa, pois (claro!) consegui notar logo a diferença. E devo acrescentar que quando ouvi o seu português puro ser falado, senti um arrepio brutal.


O meu Serviço Voluntário Europeu tem trazido muitas surpresas, mas por algo assim eu jamais esperei. Mas já que falamos de fado, devo dizer que cada vez mais acredito que nada acontece por acaso; tudo tem um Destino. Eu não podia ter sentido assim esta mesma peça noutras circunstâncias. 

Ao fim aplaudi emocionado, ainda com aquele fado a ecoar dentro de mim. E por momentos sim, foi como se tivesse voltado a casa.



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