segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"Preciso de escrever para me sentir viva."

Ana Cristina Pinto



Ana Cristina Pinto escreveu e publicou "A Guardiã - O livro de Jade do Céu" (editado este ano pela Capital Books). Depois de ler o seu livro, falei com a autora numa entrevista informal, onde até conversámos sobre cinema. 


- "A Guardiã" fala-nos de História, religião e ciência. Foi fácil conjugar estes três temas?

Antes de mais obrigada pelo convite para falar da Guardiã no teu blog.  Tenho a noção de que és um jovem escritor muito talentoso e promissor e por isso, para mim é uma honra aceitar.
Respondendo à tua primeira pergunta posso dizer-te que de facto não foi difícil juntar história, religião e ciência. Pelo contrário. Juntar estes três “ingredientes” foi muito fácil, porque se reparares bem a história também é religião e a religião também é ciência. O que foi difícil foi ligá-los entre si, como se de um puzzle se tratasse. Isso sim foi difícil. Exigiu muita pesquisa e abertura de espírito. Penso que essa abertura de espírito também é necessária para quem lê “A Guardiã”.

- A minha passagem preferida do livro acontece quando o demónio Kasbel revela o que sucede aos humanos quando chegam ao seu inferno. A Ana Cristina tem também alguma parte favorita?
Tenho. Adoro o capítulo da noite da festa em casa do Baltazar, porque aí o Michel (Miguel) revela o seu lado encantador e profundamente conhecedor das pessoas e do mundo. Ele é de facto um sedutor e eu ter-me-ia apaixonado por ele se estivesse no lugar da Luana. E adoro também toda a aventura na Jordânia. Senti-me lá, literalmente.

- Neste livro leva-nos a viajar por Portugal, Jordânia e Avalon. Para onde poderá levar-nos a seguir?
Bom, a seguir a história parou em New Orleans. Uma cidade também muito especial, cheia de mistério e sedução. É exactamente nessa cidade que a aventura de Luana é retomada, mas mais uma vez a Guardiã será levada a outras partes do mundo, como Londres por exemplo.

- Para quem já leu este seu primeiro livro, penso que há uma questão que se levanta no final: continuaremos a acompanhar estórias do Michel... ou da própria Guardiã?
Sim. Eu continuo nesta relação muito íntima com eles e sei que a Luana, o Miguel e o Gabriel têm ainda muito o que contar.



- Falando agora de outros livros. O que tem lido ultimamente? O que nos sugere?
Tenho tentado ler sobretudo autores portugueses. Tive o privilégio de conhecer nos últimos meses bons autores portugueses, que estão no início das suas carreiras. Filipe Vieira Branco , MBarreto Condado, Luís Ferreira, Pedro Santos Vaz, Paulo Caiado e Rui Calisto e li outros já mais conhecidos e aclamados como José Luís Peixoto e Luís Miguel Rocha, por exemplo. Todos eles, mais ou menos conhecidos, são autores ao nível da excelência e que eu recomendo com muita convicção. Sugiro 1 livro em particular: Yggdrasil, Profecia do Sangue de MBarreto Condado. É uma autora que vale a pena descobrir, sobretudo para os amantes do Fantástico que são cada vez mais. E correndo o risco de parecer que estou a dar graxa sugiro também o teu. “O Dia em que Nasci” de Filipe Vieira Branco. Acho que é absolutamente imperioso apoiar os novos autores. Temos muitos que são muito bons. Tal como tu e o Luís Ferreira que escreveu também uma história belíssima à volta do caminho de Santiago. “Entre o Silêncio das Pedras” é pois, mais um livro que eu recomendo.

- E dentro do género fantástico, onde podemos inserir o seu livro, tem algum autor favorito?
Tenho. Em português, um autor já com provas dadas, Filipe Faria e a autora que já referi, MBarreto condado. Ela tem uma história fabulosa no livro “Yggdrasil, Profecia do Sangue”. Lá por fora, claro que me rendo ao Tolkien e a George R.R.Martin mas não posso deixar de fora a maravilhosa Marion Zimmer Bradley. Quem leu “ As Brumas de Avalon” sabe exactamente de quem estou a falar.

Keira Knightley / Filipe Duarte


- Se o livro "A Guardiã" fosse adaptado ao cinema, que actriz gostaria de ver no papel de Luana?
Essa é a pergunta verdadeiramente fantástica.  Seria necessário muito mais do que escrever a melhor história de sempre para que algo assim pudesse acontecer. Seria preciso antes de mais que este livro tivesse uma visibilidade que como sabemos, dadas as condicionantes do mercado, não tem. Mas se porventura isso acontecesse eu gostaria de ver a Keira Knightley no papel de Luana e se falarmos em actrizes portuguesas, então a minha escolha recairia sobre a Sofia Ribeiro.  E vivam os sonhos. 

- E já agora, que actores poderiam dar vida aos arcanjos Gabriel e Miguel?
Atendendo às características físicas dos dois arcanjos, Ben Stiller ou Keanu Reeves no papel de Miguel e Jude Law no de Gabriel. Em português Paulo Pires a dar vida ao Gabriel e o charmosíssimo Filipe Duarte a encarnar o Arcanjo Miguel, seria perfeito. Mais uma vez: Vivam os sonhos! 

- O futuro passa pela publicação de outro livro? Que projectos pode revelar?
Não faço a mínima ideia por onde passa o futuro. Eu gostaria muito de voltar a publicar. Sei que vou continuar a escrever, isso sem qualquer dúvida, até porque preciso de o fazer para me sentir viva. Quanto a futuras publicações, há muitos factores a equacionar. Hoje tenho comigo a Capital Books que fez um trabalho excelente na edição e que me proporcionou entrar nesta aventura de levar o que eu escrevo a mais leitores. Tem sido uma experiência muito boa, muito interessante e nem por um segundo me arrependo. Mas quando se fala do futuro, não se pode falar com certezas. O futuro a Deus pertence, não é assim? 
E já agora só para terminar quero dizer-te, Filipe, que te desejo toda a sorte e sucesso do mundo. A ti e a todas as pessoas que trabalham e acreditam no seu trabalho. Obrigada.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Guardiã - O Livro de Jade do Céu [ OPINIÃO ]



Desengane-se quem pensa que "A Guardiã", o primeiro livro de Ana Cristina Pinto,  é um livro difícil de entender.

Tratando de temas tão complexos como a teoria das cordas, os multiversos ou a existência de anjos e arcanjos, a escrita da autora é bastante elucidativa, explicando ao mesmo tempo em que ensina e entretém, sem nunca nos forçar a acreditar. Cabe a cada um tirar as suas próprias conclusões.

Mas não sem antes ver levantadas várias questões pertinentes. De onde vem a Humanidade? Como começou? Quem somos? O que nos rege, afinal?

E é seguindo a estória de Luanauma arqueóloga que se apaixona por um arcanjo celestial, que vamos procurar respostas a essas questões, numa aventura que nos leva a Óbidos, Lisboa, à Jordânia... e não só. 

Inserindo-se de imediato no género fantástico, com um toque de romance, este é um livro fenomenal e obrigatório para os amantes do género.

Termino dizendo o seguinte: 

Se o mundo literário em Portugal fosse justo, este livro estaria no TOP de vendas ao lado dos best sellers de José Rodrigues dos Santos e Luís Miguel Rocha.

Mas ainda é apenas o primeiro livro de Ana Cristina Pinto e, espero eu, ainda havemos de a ver lá chegar. Continuando a escrever assim, será um trunfo mais do que merecido. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

10 coisas que quero fazer em Itália durante o meu SVE

Santa Maria del Fiore 

Falta exactamente 1 mês para começar a minha aventura do Serviço Voluntário Europeu em Forli (Itália). Em jeito de antecipação, aqui estão 10 coisas mais ou menos fúteis que quero fazer nos 10 meses que passarei em terras italianas.

1 - Subir ao cimo da Catedral de Santa Maria del Fiore (ou Duomo) em Firenze (Florença). Sim, subir mesmo lá ao topo e, quem sabe, tirar uma selfie para a posteridade. 

2 - Visitar o Castel Sant’Angelo e o Coliseu em Roma. Esta curiosidade surge talvez porque tenha lido já muitas histórias que se passaram nestes monumentos...



3 - Dar um mergulho no mar Adriático e outro no mar Mediterrâneo para possivelmente concluir que é exactamente a mesma coisa, ou não. O que quero dizer é que quero visitar os dois extremos, vá. 

4 - Visitar o Vaticano. Não por uma questão de fé, que não a tenho, mas por uma questão cultural e Histórica. Quero sentir aquele Poder ao vivo. Uhhhh...

5 - Este será provavelmente o mais fácil: comer pasta fresca, aos montes, e em vários sabores e feitios. 

6 - Visitar Veneza e conhecer a Basílica de São Marcos

7 - Ir a San Marino, que é um país muito pequeno que fica "dentro" ou pelo menos completamente envolto por Itália. Tenho curiosidade para saber se se notarão diferenças culturais.

8 - Esta, dada a grande distância do local onde vou estar, é provavelmente a mais difícil de conseguir, mas adorava viajar até ao vulcão Etna na Sicília. Não é impossível, ainda assim. 



9 - Ir até Pisa e não tirar uma daquelas fotos que toda a gente tira a segurar a torre. A sério, vou lá só mesmo para NÃO fazer isso e sentir-me diferente (ahah!!).

10 - E por fim, a que me vai dar mais trabalho, mas quero tornar-me um expert em cinema italiano. Não é que não tenha já visto muitos filmes italianos, mas quero aprender mais, descobrir mais e visitar locais de culto de filmagens de películas como Cinema Paradiso.

domingo, 6 de setembro de 2015

Como é possível?



Espera. Pára tudo.

Como é possível que ainda haja tanto sem-abrigo em Portugal se afinal havia tanta gente disposta a levar um para casa?

É que de repente só vejo pessoas a defenderem que se apoie os sem-abrigo, em detrimento de se apoiar os refugiados. Se sempre foram tão preocupados com os sem-abrigo, porque é que não agiram para o seu bem? Porquê só agora? Se é que estão realmente a fazer algo por isso... para além de escreverem comentários inúteis a toda a hora nas redes sociais. E até tenho uma novidade para vos dar: Esses comentários de ódio tiraram até agora zero pessoas da rua. Zero.

É que isto da solidariedade (ou lá o que lhe quiserem chamar) tem que ser assim: ou apoias um ou apoias outro (pelo menos pela forma como se expressam…)

Não podes apoiar os dois.

Deve ser como o futebol, ou és do Benfica ou és do Sporting. E calou.

Falando nos sem-abrigo, posso dizer que já dei roupa, já dei comida… já dei até alguns momentos de conversa a um senhor que vivia na rua e que costumava sentar-se no mesmo banco de jardim que eu, numa cidade onde vivi. Mas, por muito que desse, senti sempre que não dava tudo, pois não conseguia. Ninguém, instituição ou pessoa, ninguém consegue.

Quando me passa pela cabeça ajudar os refugiados, de qualquer forma, não me passa pela cabeça que todas as outras pessoas, a precisar de ajuda, se lixem todas.
Não misturem as coisas. Não sejam hipócritas. E não me chamem hipócrita. Não tenho que me justificar a ninguém, mas se há coisa que já fiz e muito na vida foi isto: ser voluntário.

Também já fui desempregado, também já chorei por isso e até já vi o drama da fome entrar pela casa adentro de pessoas que me são muito mas mesmo muito próximas. Também eu vou sair do meu país em breve, porque assim o decidi, porque assim achei que devia agir face às condições que aqui me dão. Vou para outro país, outra cultura, outros hábitos. E espero ser bem recebido. Não sou adivinho, não sei o futuro. Sei lá se um dia também terei que fugir… se um dia não terei outra alternativa.

Se esse dia vier, espero que façam por mim o mesmo que eu quero fazer pelos outros agora. E se esse dia não chegar, ainda bem. O sentimento de ter lutado por um bem maior ficará cá, sempre.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Como John Smith e Pocahontas



Estávamos condenados desde o primeiro instante. A fatalidade de um Destino demasiado presente, impunha-se. E talvez eu até fosse o vilão dessa estória. 
Mesmo assim, seguindo o que me dizia alguma voz no vento, opus-me e fui em frente. Recuaste. Recuei. Que errado estarmos assim a alimentar um sentimento que não tinha futuro! 
Mas o que é o futuro? Perguntei àquela voz. O futuro está escrito numa canção? Está explícito num filme? 
Não. Saberia lá eu o que seria essa coisa que ainda está para vir. Por isso sussurrei-te: "Confia em mim" - e ao dizê-lo estiquei o meu braço e apertei-te a mão, puxando-te contra o meu corpo. E lá voámos os dois por esse mundo meio surreal que se foi construindo à nossa passagem, à medida que juntos quisemos seguir por aí... 
Mas se da fantasia Disney teríamos um espelho, então seríamos como John Smith e Pocahontas, destinados a sermos separados no final, mas não sem antes termos passado uma forte mensagem. Não sem termos visitado um castelo encantado, não sem termos cantado juntos pelas ruas junto ao mar, não sem me ter afundado no teu sofá enquanto jogávamos um contra o outro, afinal em sintonia, com o mesmo propósito. 
E não, não sem ter adormecido no teu peito só para acordar durante a noite e certificar-me de que isso não seria um sonho, para logo depois embalar-me no mesmo sono com a certeza de que não haverá tristeza suficiente que transforme a memória poderosa desse momento eternamente feliz.