sexta-feira, 16 de março de 2018

Primeiros dias como Comissário de Bordo / Cabin Crew

A minha nova casa... nos céus! Aqui estávamos numa breve pausa em Milão-Bergamo, Itália. 

Então... depois de muito esforço para completar o curso, chegou finalmente a hora de voar a sério.

Em 3 dias fiz 12 voos e passei por Londres, Milão, Manchester, Toulouse e, claro, Frankfurt (que é sempre a minha final destination). Isto dá muitas horas nos céus a uma altitude de cerca 37000 pés e depois ainda temos que adicionar a pressão da cabine que já inclui coisas muito técnicas que vou simplificar dizendo que é como se estivesse constantemente na mesma altitude na Torre da Serra da Estrela (por exemplo).

Traduzindo tudo isto, o nosso corpo tem que se habituar a estas novas condições, pois temos que fazer mais esforço para tudo. Nos primeiro dia senti como se tivesse estado muitas horas no ginásio, com todos os músculos das pernas, costas e braços a manifestarem-se... o que achei brutal porque é aquela dor que te satisfaz por saber que estás no caminho certo (fiz sentido?).

Para além disso, a nossa pele fica extremamente seca (como se estivesse estado na praia o dia todo) e temos que beber muita água. Juro, nunca bebi tanta água na minha vida! E tenho que aplicar bastante creme hidratante antes e depois.

Este é um processo que ainda agora começou, pois vou precisar de mais tempo para me habituar completamente.

Depois vem a parte mais divertida: o contacto com os passageiros. Para quem já trabalhou num hotel e costumer service antes, não muda muito no que toca ao "atendimento", mas achei algo super engraçado. É que a nossa prioridade ali é a segurança de todos os passageiros que voam connosco e a verdade é que isso é algo que vem por instinto (o treino intensivo de quase 2 meses tinha que dar algum resultado, não é?).  Gosto mesmo disso, saber que estou ali inteiramente para fazer daquele voo o mais agradável possível para cada passageiro. E quando são simpáticos, claro, adoro falar com eles. Quando não são, well, falo na mesma. You know...

Resumindo, é uma responsabilidade gigantesca, de facto, pois somos nós cabin crew/comissári@s de bordo quem sabe todos os procedimentos de segurança, primeiros socorros e etc que venham a ser necessários caso algo não corra dentro da... normalidade. É como se tivéssemos a vida de toda aquela gente nas mãos (uhhh!).

Do que mais gostei?




Obviamente de fazer o safety demo pela primeira vez, ou seja, aquela demonstração inicial a indicar onde estão as saídas de emergência, as máscaras de oxigénio, etc. Neste momento todos os olhos estão (ou pelo menos deveriam estar) postos em ti. Durante 3 minutos és a star e eu divirto-me imenso porque imagino sempre aquilo como uma coreografia (podemos admitir que parece que estamos a dançar, ok?). Na verdade comecei a ver isso dessa forma para aprender melhor os passos (que ainda confundo muitas vezes, ahahah).





Então apesar do cansaço inicial, quando chegamos lá acima parece que acontece magia, há uma energia extra, e mesmo com a inexperiência própria de iniciante, é brutal chegar ali... chamar a nossa inner Britney Spears e desempenhar o nosso nobre papel. Acho que é um ambiente que te transforma, pois parece que esqueces tudo o resto e só consegues pensar na segurança do teu avião (novamente, o treino a funcionar!).






E SIM, já fiz anúncios (comunicações) aos passageiros, logo desde o primeiro dia, porque era algo que eu ansiava fazer há muito tempo.  E agora só estou à espera do dia em que vou estar completamente à vontade para pegar naquele interfone e cantar Toxic em toda a minha glória. :P

Gente, não estou a brincar, a primeira coisa que me disseram no primeiríssimo dia foi: "Sê tu próprio e todos os passageiros vão gostar de ti".

Então podem começar já a decorar a letra para cantarmos em coro:

"Baby can't you see? I'm calling..."



Aquela selfie antes de ir trabalhar porque sim.


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