domingo, 7 de abril de 2019

O meu bairro em Berlim.



Acho que nem podia ter sido de outra forma, mas vim mesmo parar a um bairro muito cool, artístico e alternativo em Berlim. 

Não é que não existam outros bairros mais na onda hipster nesta cidade, como o bonito Kreuzberg (do qual falarei mais tarde)

Mas o bairro de Wedding (lê-se "Ve-ding") é uma mistura única de passado e modernidade, de cultura alemã com cultura turca e de outros países.

Estima-se que 30% da população do meu bairro seja composta por estrangeiros. Muitos são estudantes, de passagem, muitos são artistas e freelancers à procura do sonho alemão. Outros viveram aqui uma vida inteira.

Outros são como eu e caíram aqui por acaso. Não foi nada fácil encontrar uma casa em Berlim e este sítio acabou por ser quase a última hipótese, mas tive sorte porque está bem localizado no que diz respeito a transportes para o aeroporto (onde trabalho).

Pelas fotos já dá para ver. Wedding tem muita cor nos seus edifícios. E também tem muitas casas velhas, mas que a arte urbana tratou de colorir. 

Quando se pensa na história de Berlim, é impossível esquecer que a Segunda Guerra Mundial aconteceu aqui e que a Guerra Fria e o Muro prolongaram anos de tensão e separaram uma cidade brutalmente. 

Esta região fazia parte da zona ocidental, mais concretamente da divisão francesa, e desde que o muro caiu (há 30 anos!) acredito que a reconstrução e transformação destes bairros deve ter sido uma constante. Nota-se que há zonas que ainda não decidiram muito bem se são modernas ou retro. 

Mas é por isso que gosto de viver aqui.

Vaguear por estas ruas num final de tarde de sábado é deixar-se levar pelos aromas fortes da comida dos restaurantes alternativos que estamparam a palavra vegan na porta, é desviar-se de bicicletas e skates que passam acelerados, é reparar nos estilos alternativos de quem passa e chegar a um ponto em que já nada te surpreende, é entrar no supermercado turco para comprar fruta fresca e sair de lá com 3 tipos diferentes de couscous e bulgur, é parar para fotografar prédios da arquitectura moderna do pós-guerra, sentindo que tudo parece ter parado no tempo e depois reparar no café hipster com a bandeira arco-íris na janela e apaixonar-se por esta incrível mistura cultural e de valores.

E isto é apenas uma pequena percentagem de uma cidade vibrante com 3,5 milhões de habitantes.

Ainda haverá tanto por descobrir.

Mas algo já descobri. Mesmo antes de viver aqui, este já era o meu bairro. 




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