sábado, 12 de agosto de 2017

O dia em que quase nos afundamos no mediterrâneo



Dia de folga. Eu e os meus colegas de trabalho decidimos todos que seria um bom dia para fazer um passeio de barco no mediterrâneo. 

Então fomos até à nossa praia favorita e alugamos um pequeno barco para 7.

 O mar estava super calmo, como sempre está aqui no sul da ilha da Sardenha. O sol brilhava. Tudo perfeito para uma tarde bem passada a descobrir praias selvagens ao longo da costa com o nosso barquinho fantástico. 

Dois de nós já tinham experiência a conduzir este tipo de barco, então muito simpaticamente no aluguer lá nos explicaram, os responsáveis, como chegar aqui e ali, o que fazer e o que não fazer. Até nos deram um mapa.

Agora vamos olhar para esta foto que tirei na praia momentos antes de embarcamos. O mar era este. Uma piscina, por assim dizer. 



Mas realmente durante a explicação de segurança... fomos avisados de que algures no lado direito da ilha poderíamos encontrar alguma turbulência no mar. Então...

Lá partimos. Sorrisos, sorrisos. Uma vista fantástica sobre a costa. E avançamos mar adentro.

Do mar tranquilo começam a surgir algumas ondas. A água tem de repente uma movimentação diferente. Em menos de 10 minutos já estamos todos molhados dos pés à cabeça. Mas ok, faz parte, pensamos. Ao fundo vemos já a praia escondida onde queremos chegar. Falta pouco. O mar agita-se mais. Vem outro barco, bem maior e mais imponente, que passa demasiado  próximo de nós, fazendo com que as ondas aumentem. 

Uma colega aperta-me a mão com medo e eu rio, digo que devemos estar tranquilos, que não é nada.

De repente vem uma onda tremenda e o barco enche-se de água. Os nossos pés estão imersos. E mais, cada vez mais água.

A tranquilidade no grupo está quase acabada, à parte de duas pessoas. Eu e outra colega... que decide estender-se na proa a apanhar sol... ENQUANTO O BARCO CONTINUA A METER ÁGUA! Curiosamente, de todo o grupo nós somos os únicos que por hábito fazemos meditação. Então acho que a terapia zen afinal tem mesmo efeitos práticos (tendo em conta que estava quase a morrer e não estava muito preocupado NÉ!).

A única foto que consegui registar na atribulada viagem.


Volto a rir, digo que pelo menos é divertido, enquanto tento mandar água de volta ao mar com as mãos em conchinha, com outro dois colegas. É um pouco ridículo mas estranhamente tem efeito. O volume de água diminiu. E já estamos a voltar para trás, fugindo da turbulência. O mar acalma. Vejo um saco de plástico das compras a boiar e uso-o para tirar litros da água aos nossos pés. Saco a saco, a água começa a desaparecer. Uma ideia de génio, se me permitem dizê-lo.

A tranquilidade parece voltar mas... o motor começa a fazer barulhos estranhos. De repente parece não querer avançar. A marcha torna-se lenta. E o barco pára no meio do mar! Ao fundo vemos a praia de onde partimos.

Tentamos ligar para o número de segurança. A rede telemóvel não funciona. Tentamos outra vez. Ouvem-nos mal. Parece um filme. Ficamos sem uma resposta e sem saber que fazer.

Já estava a imaginar tudo. O barco afunda-se, que nem um Titanic improvisado. "Jack, Jack..."
Penso se não será melhor abrir o facebook e escrever um post de despedida aos amigos e família... mas Oops, o meu telemóvel está todo molhado e não se liga sequer. 

Aceito o meu destino. Outro colega ri. Outros estão quase em pânico. "Não é mau de todo submergir no fundo do mar com uma panorâmica lindíssima sobre a costa sul da Sardenha..." - penso. 

E então vemos ao fundo uma moto de água que acelera na nossa direcção. É o nosso salvador, um dos responsáveis pela segurança dos barcos. Em poucos minutos já está connosco, abre tudo, examina, vê o motor, faz caras de preocupação. 

"É uma avaria. Temos que voltar a terra" - diz-nos.

E com uma corda atracada à sua moto de água lá nos vai puxando o barquinho, cujo motor insiste em não dar sinais de vida.

Desembarcamos. E aqui o verdadeiro medo chega. Será que vamos ter que pagar pelo arranjo do motor?!

Será que vamos ter que ficar a trabalhar aqui para resto da vida para pagarmos os estragos causados?

Não! Todos os responsáveis pelo aluguer nos vêm falar. Super simpaticos e preocupados, profissionais, de um cuidado que (nota-se bem) é parte de uma família que vive deste trabalho há muitos anos. 

Para além de nos devolverem o valor do aluguer, algo que nós nem pedimos, ainda nos oferecem um passeio num dos insufláveis e outro desconto para a próxima vez que alugarmos outro serviço.

É inacreditável. E logo aí sobem para o topo da nossa consideração. Acabamos em mil agradecimentos. Grazie grazie grazie!

Ao fim já rimos todos, meio incrédulos, meio em êxtase, mas seguros de que temos agora uma bela aventura para contar aos amigos... ou aos filhos e netinhos.

Lá confesso a minha alegria. "Finalmente tenho uma história para escrever no blog!! Há tanto tempo que não acontecia nada e eu bem pedi qualquer coisa que me inspirasse..."

É um coro: "FILIPE A CULPA É TUA!!!".

Se a culpa é por ter tido um dos dias mais divertidos aqui, então eu assumo. :)



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