sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Rimini ou Filipe, o clandestino.



Igreja no centro da cidade.
 Então... no último sábado fui visitar Rimini, a cidade italiana que fica na costa do Mar Adriático e apenas a 30 minutos de Forlì (a cidade onde vivo).

A praia é linda e apetecível para o Verão (a água chegará aos 25 graus e praticamente não tem ondas). E a cidade também tem alguma História para nos mostrar, para além de ser um sítio extremamente turístico (junto ao mar). 


Mas hoje venho contar-vos outra estória, que só por si serve de justificação para isto: ninguém devia deixar-me ir fazer passeios sozinho por aqui. 
Farol. Para me iluminar o caminho, OU NÃO!

Dei uma volta pela cidade e dirigi-me em direcção ao mar. Mas... eis que me meti por um atalho que, pensei eu, seria mais rápido.

Parecia um campo aberto, por isso segui sempre em frente, durante muito tempo. Acontece que fazia parte da estação de comboios (sim, a mesma onde eu tinha chegado mais ou menos 1 hora antes). Quando dei por mim, estava já rodeado de mato e muros altos, num sítio que parecia algures entre o abandonado e o sinistro. E pior: era propriedade privada e com sinais explícitos de "PROIBIDA A PESSOAS ESTRANHAS" em toda a parte. 

Eu estranho? Muito estranho até!

Vejo um portão e penso: "Ok. Vou sair por ali". Não. Pois o portão estava trancado e tinha um aparelho para digitar um código de segurança. À sorte digito 1234, mas não é o pin correcto (ÓBVIO!). Abro o google maps para me situar: vejo que estou a 100 metros do mar e que se for para trás, terei que andar mais uns 3 km.

Mas... andar tudo para trás outra vez? NO WAY! 

Ponho-me então à procura de alguém neste sítio deserto e acabo por encontrar um segurança sentado junto a uma parede, sem fazer nada. Primeiro problema: o meu italiano ainda não é suficiente para explicar uma coisa destas. Segundo problema: ele não falava inglês. Mas pelo menos riu-se comigo da situação, do que pode compreender através dos meus gestos e italiano mal falado, e fez-me sinal que iria abrir o tal portão à distância. Vou outra vez para o portão.

Espero 5 minutos, 10, 15... e a minha hora de voltar ao comboio começa a aproximar-se. Mas eu queria mesmo ver o Mar Adriático de perto. E o portão... nada de abrir. 

E é então que a loucura toma conta de mim e penso "Ok, Filipe... anos e anos a jogar Assassin's Creed devem ter servido para alguma coisa. Ainda por cima estás em Itália. Vá lá... salta o muro". Olho para o muro, com cerca de 3 metros de altura. Olho para o relógio. Olho para mim. Olho para a câmara de segurança a filmar-me. Rezo para não cair dali abaixo. E escalo o muro, com relativa facilidade. Mas vamos juntar a isto o seguinte: tinha uma mala a tiracolo com 2 livros, telemóvel, carteira e etc lá dentro. Sim! Quando dou o salto final e caio no chão, são e salvo, está um homem com uma criança ao colo a olhar para mim escandalizado. 

Ponho-me a correr, feito clandestino. E só me dá para rir e falar sozinho, dando o toque final para que todos pensem que eu sou maluco.

Pelo menos consegui chegar à praia e aproveitar alguns momentos de relaxamento junto a esta vista fantástica.
Junto à Marina de Rimini.
Já regressado ao comboio, respiro de alívio. Mas por pouco tempo. Tinha comprado o bilhete, mas com isto tudo esqueci-me de o validar na máquina!! E quando vem o senhor revisor pedir-me o bilhete... repara logo nisso, obviamente. Teria que pagar uma multa de 60€ (o bilhete custou 4€). IMAGINEM! Mas fiz uma cara tão pobre e triste, expliquei que estava há pouco tempo em Itália e o senhor lá me deixou seguir viagem sem pagar mais. Que sorte! 

"Attenzione!" - diz-me o senhor despedindo-se de mim.

Attenzione, attenzione MESMO! Mal ele sabia o que eu tinha feito antes...

Centro da cidade.

Pois é, num só dia consegui ser clandestino sei lá quantas vezes. E eu realmente tenho uma queda para andar ilegal nos tranportes públicos italianos, como podem ler aqui


Porta romana, resquícios de um grande Império.


Sem comentários:

Enviar um comentário