sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

[ opinião ] Brooklyn: não subestimem esta obra



"Ellis Lacey emigra para os Estados Unidos, deixando a Irlanda, terra natal, indo à procura dos seus sonhos no outro lado do oceano. No ínicio da sua nova vida nos EUA, sente falta do que deixou para trás, mas aos poucos vai ajustando-se, até que começa um romance com Tony, filho de imigrantes italianos. Quando o seu passado regressa, terá que escolher entre dois países e as vidas que existem entre estes."

Esta crítica é tudo menos isenta de sentimento. É impossível afastá-lo daqui. 

Talvez seja porque neste momento estou a viver num país estrangeiro (Itália!). Talvez seja porque estou longe de Casa. Mas há muito tempo que não chorava tanto com o final de um filme. E o que senti foi que estavam a entrar dentro de mim e a expor tudo aquilo que eu nem consigo escrever. E não nego que tudo isso tenha pesado na hora de o ver. Mas há algo incontornável. Brooklyn aproxima-se de nós como um simples filme de romance, de uma emigrante irlandesa que vai à procura de um futuro melhor noutro país. Mas depois revela-se uma obra poderosa sobre a saudade e as dificuldades que uma pessoa estranha num mundo novo sente ao tentar adaptar-se. E como é que uma história ambientada nos anos 50 do século XX consegue ser tão actual?

Uma actuação excelente de Saoirse Ronan (Ellis), que convence, ajuda a envolver-nos ainda mais na história. Ela transmite a insegurança inicial de uma forma arrebatadora (como o facto de não conseguir sorrir)... mas também transmite e bem a transformação que ocorre com a sua nova experiência. O argumento, num guião muito bem escrito, também ajuda e muito, com cenas que são simplesmente acutilantes, no sentido que nos tocam directamente em pontos sensíveis. 

E pelo meio há uma cena que grita muitos dos medos que só quem vive distante daqueles que ama, consegue entender a 100%. Sem spoilers, mas digamos que é aquele medo de não chegar a tempo... e é aí que o filme se transforma de todo e se assegura como uma obra-prima do cinema.

De todos os nomeados que já vi, Mad Max e The Revenant eram os únicos aos quais eu entregava o Oscar. Mas este Brooklyn apanhou-me completamente de surpresa. Obrigatório ver!




"Sentirás tantas saudades de casa e não há nada que possas fazes, além de esperar. Mas vais esperar. E isso não te vai matar. E um dia, o sol aparecerá. Talvez não notes de imediato, mas vais senti-lo." 

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