sexta-feira, 10 de junho de 2016

[ opinião ] Quo Vado? - rir para não esquecer

Uma das melhores cenas deste filme. Brilhante!


O cinema italiano é rico em comédias. Mas poucas se destacam como Quo Vado?, um filme que toca nos pontos mais característicos de uma sociedade (a italiana), levando-nos sempre a questionar ideias que estão enraizadas, ao mesmo tempo que nos faz rir mas mesmo rir muito.

É óbvio que o facto de eu viver em Itália há 8 meses teve muito que ver com a forma como este filme me tocou. Estando já imerso na cultura e hábitos italianos, eu consegui vê-lo realmente como a obra que traça uma crítica brutal a um certo conservadorismo deste país. 

Mas antes de aprofundar, uma pequena sinopse da história. Checco é um jovem-adulto (mais adulto que jovem), que ainda vive com os seus pais, que tem um posto fixo no trabalho, uma namorada. Enfim... a vida perfeita e estável. Mas o Estado passa por uma reforma nos postos de trabalho públicos e Checco é obrigado a mudar de região para manter o seu emprego, pois recusa-se a assinar uma carta de despedimento. O "Estado" faz tudo para o levar ao limite, tentando forçá-lo a desistir do trabalho, mas Checco está disposto a tudo... mesmo a emigrar para manter o seu tão amado posto. E é aí que tudo muda. 



É também aí que este filme vai ao profundo da sociedade do "sul da Europa", debruçando-se sobre questões verdadeiramente importantes, como a xenofobia, o preconceito existente entre o Norte e o Sul (primeiro de Itália e depois da Europa em geral). Mas não ficamos por aí. Os direitos das mulheres, da comunidade LGBT, a religião, a política, corrupção, etc, etc. Tudo é retratado de uma forma absolutamente brilhante, mostrando que um filme de comédia pode e deve ser um condutor fantástico de ensinamentos, de levantamento de questões sérias, sem nunca deixar de nos fazer rir. E acreditem, eu não me lembrava de rir tanto com um filme nos últimos tempos. 

Em vários aspectos, revi também muito do nosso Portugal em várias cenas. Afinal as diferenças culturais entre Itália e Portugal não são assim tantas...

E já que falo no nosso país, devo dizer que houve outro pensamento que me veio quando via Quo vado?

Este filme é tudo aquilo que a desgraça O Pátio das Cantigas (2015) não foi. Inteligente, verdadeiramente divertido, um hino à comédia, bem realizado, pertinente.

E fico-me por aqui.


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